São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2010

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Governo exclui oposição de plano de internet sem fio

Dos 163 municípios escolhidos por ministério, 61 têm prefeitos do PMDB e 36, do PT

Pasta das Comunicações diz que o critério não é político; investimento previsto é de R$ 100 milhões, mas não há prazo para implementação


ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério das Comunicações lançou edital de licitação para levar internet sem fio gratuita a 163 cidades. Na lista dos municípios que serão beneficiados com os investimentos federais estão 61 prefeituras do PMDB e 36 do PT, e o restante está distribuído entre os partidos da base aliada.
Os dois grandes partidos de oposição, PSDB e DEM, que, administram 1.390 municípios, foram praticamente ignorados. A única prefeitura tucana na listagem é Divinópolis (MG), enquanto Fernandópolis (SP) é a única do Democratas.
O ministério é comandado pelo PMDB. O atual ministro, José Arthur Filardi, é homem de confiança do ex-ministro Hélio Costa, que deve disputar o governo de Minas Gerais em aliança com o PT.
A pasta prevê gastar R$ 100 milhões na implantação dos 163 projetos. O leilão para seleção da empresa (ou consórcio) que vai fornecer os sistemas, está previsto para o dia 12 de maio, mas o edital não estabelece prazo nem cronograma para a implantação dos projetos.
Hélio Costa tentou lançar esse projeto em 2008, mas a licitação não foi adiante porque o Tribunal de Contas da União determinou mudanças no edital. O relançamento, a dois meses do início da campanha eleitoral, apanhou de surpresa até as prefeituras incluídas na lista.
Fornecedores de equipamentos avaliam que o projeto está desconectado com o Plano Nacional de Banda Larga, que está em estudo no governo Lula e que se propõe a massificar o acesso à internet no interior.

Edital vago
O edital, publicado na terça-feira passada, é vago quanto ao critério de escolha. Diz que serão atendidas, preferencialmente, ""localidades com características sociais, econômicas e culturais voltadas para o turismo, para a polarização de negócios e para o ensino".
Murici (AL), cujo prefeito é filho do senador Renan Calheiros (PMDB), foi incluída. Três das cinco cidades de Alagoas que terão internet pública grátis são gerenciadas pelo PMDB.
Minas, reduto eleitoral de Hélio Costa, terá o maior número de cidades digitais (17), seguida de São Paulo (13), Rio Grande do Sul (11) e Bahia (10).
Em Goiás, o PMDB tem cinco das seis cidades escolhidas. Também são do PMDB as quatro selecionadas no ES e sete das 17 de Minas. O PT tem seis das dez cidades da Bahia.
Em São Paulo, serão beneficiadas Andradina, Hortolândia, Patrocínio Paulista, Diadema e Várzea Paulista (todas do PT); Arujá (PR), Terra Roxa e Bady Bassit (PMDB), Peruíbe (PSB), Regente Feijó (PTB), Mogi Guaçu e Piracaia (PV) e Fernandópolis (DEM).
O prefeito de Fernandópolis, Luiz Vilar, do DEM, admitiu que buscou apoio do PT para incluir sua cidade no projeto.
Embora o critério para a escolha das cidades seja o mesmo do edital de 2008, cidades que constavam da lista anterior foram excluídas, o que aumentou suspeitas de que o critério foi político. O ministério nega.
Guarda Mor (MG), está entre as excluídas. O prefeito, Gilmar Ferreira do Santos, do PMDB, está dividido entre apoiar Costa ou o tucano Antonio Anastasia para governador. "Meu partido é Guarda Mor", afirma.


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