|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPERAÇÃO VAMPIRO
Contas de parentes de Correa Júnior receberiam dinheiro
Empresário suspeito tenta movimentar R$ 3 milhões
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Laerte de Arruda
Correa Júnior, suspeito de encabeçar uma das supostas quadrilhas que agiam no Ministério da
Saúde, tentou transferir pelo menos R$ 3 milhões da conta de uma
de suas empresas (a MMV) para
as de duas pessoas físicas, possivelmente parentes. A movimentação foi detectada na sexta-feira
(21). Houve ainda uma tentativa
de saque, descoberta ontem.
Laerte foi preso pela Polícia Federal na semana passada durante
a Operação Vampiro. É suspeito
de agir como lobista, intermediando acordos entre servidores e
empresas para supostamente
fraudar licitações na Saúde.
A tentativa de transferência dos
recursos, boqueada após alerta
feito pelo Banco Central, foi realizada por meio de um advogado,
segundo as autoridades envolvidas na investigação. O nome do
advogado não foi revelado.
O advogado, segundo o Ministério Público Federal, tentou fazer
a transferência por meio de cheques administrativos. Pelas regras
em vigor, os bancos devem informar ao Sisbacen (sistema informatizado pelo qual o Banco Central se comunica com as instituições financeiras) quaisquer operações superiores a R$ 100 mil.
Os dados encaminhados ao
Banco Central também ficam à
disposição do Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras), que, no caso, avisou o DRCI
(Departamento de Recuperação
de Ativos Financeiros e Cooperação Jurídica Internacional), órgão
de combate à lavagem financeira.
O DRCI, por sua vez, alertou o
Ministério Público que impediu
ao menos uma parte da transferência na Justiça. Ainda se apura a
possibilidade de ele ter conseguido fazer alguma movimentação.
Desde a semana passada, a Justiça decretou a indisponibilidade
dos bens móveis (dinheiro, jóias,
objetos de arte) e imóveis dos acusados de envolvimento em fraudes nas compras de medicamentos. Mas as empresas de Correa
Júnior acabaram ficando fora do
cerco, o que só foi descoberto
com a tentativa de transferência.
Ontem, foram indisponibilizadas sete lanchas do grupo de envolvidos. Apenas uma delas é avaliada em R$ 1, 05 milhão.
Conforme investigação da PF e
do Ministério Público que culminou com a Operação Vampiro, na
qual foram presos 17 servidores,
empresários e lobistas, parte dos
envolvidos atuava há mais de 13
anos na Saúde. Entre os presos está Luiz Cláudio Gomes da Silva,
assessor de confiança do ministro
Humberto Costa (Saúde).
Somente com o superfaturamento na venda de dois tipos de
hemoderivados ao governo a suposta quadrilha teria gerado prejuízos de US$ 120 milhões aos cofres públicos desde 1997.
Diálogos monitorados
Correa Júnior é um conhecido
empresário do setor de medicamentos, área em que atua desde
os anos 80, principalmente como
representante de fornecedoras.
Tem participação em ao menos
três empresas em São Paulo.
Os interesses de Correa Júnior
foram mapeados a partir das conversas monitoradas pela PF que
manteve com o empresário Jaisler
Jabour, representante de uma das
fornecedoras da Saúde.
Em parte dos diálogos, comentam a necessidade de ocupar espaços que estariam sendo deixados por Loureço Peixoto, empresário rival que estaria perdendo
seu suposto poder de influência
sobre servidores do ministério.
Jabour e Peixoto estão presos.
Os principais colaborares de
Peixoto no âmbito do ministério
seriam Mário Machado e André
Murgel, que, até meados do ano
passado, integravam a comissão
de licitação.
Ao perder os cargos, a dupla teria levado à redução da influência
de Peixoto, que é vice-presidente
do "Jornal de Brasília".
Ontem, o empresário Marcos
Chain entregou-se à PF, concluindo, assim, os 17 mandados de prisão concedidos pela Justiça. Três
dos seis servidores presos foram
soltos porque colaboraram com
informações para o caso.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Distribuição de preservativo pode parar Índice
|