|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Renan planeja defesa para terça-feira
Para o presidente do Senado, o lobista Cláudio Gontijo, que pagou despesas pessoais suas, estava fazendo favor de amigo
Senador do PMDB deve utilizar o argumento de que um assunto de natureza pessoal foi utilizado para atingi-lo politicamente
KENNEDY ALENCAR
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) pretende fazer um discurso, na
próxima terça-feira, para explicar por que o lobista Cláudio
Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, fazia pagamentos
de despesas pessoais suas.
O lobista Cláudio Gontijo, da
empreiteira Mendes Júnior, teria destinado à jornalista Mônica Veloso, com quem Renan
tem uma filha, a quantia mensal de R$ 16,5 mil entre janeiro
de 2004 e dezembro de 2006. O
dinheiro pagava despesas da filha e o aluguel de um apartamento. Renan deve dizer que é
amigo de Gontijo há mais de 20
anos e, como o lobista também
conhecia a jornalista, pedia que
ele entregasse o dinheiro a ela.
A estratégia foi definida ontem em reunião de Renan com
os senadores Romero Jucá
(PMDB-RR), que é líder do governo, José Sarney (PMDB-AP) e o ex-senador Luiz Otávio.
O encontro foi na residência
oficial do Senado e durou cerca
de três horas.
Já está marcada para quarta
uma reunião do Conselho de
Ética do Senado. Segundo integrantes do conselho, a situação
de Renan deverá ser discutida.
Defesa jurídica
Do ponto de vista jurídico,
advogados afirmam que o segredo de justiça do processo de
pensão alimentícia movido por
Mônica Veloso seria argumento suficiente para Renan não se
manifestar, inclusive sobre a
relação com o lobista. Politicamente, porém, a situação de
Renan é complicada.
Um dos pontos principais da
defesa seria mostrar a legalidade dos recursos. Na esfera pessoal, Renan crê que o acordo
realizado na sexta na Justiça
para pagamento de pensão de
R$ 7.000 por mês à filha evitará
eventuais manifestações públicas hostis de Mônica.
Em nota divulgada na sexta,
Renan disse que nunca teve
gasto pessoal custeado por terceiros. "Meus compromissos
sempre foram honrados com
meus próprios recursos."
Defesa política
Renan tem sido aconselhado
a não mentir. Se apresentar
versão inconsistente, poderá
cometer quebra de decoro e ter
ameaçada a permanência na
presidência do Senado.
O clima no Congresso é de
expectativa. Senadores são
cautelosos, mas afirmam que
Renan ainda deve explicações.
"Esse assunto não pode ser tratado com leviandade. Ele deve
explicações, mas não vou botar
lenha nessa fogueira", disse o
senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA).
Na avaliação do grupo de Renan, ele deve insistir no argumento de que um assunto de
natureza pessoal foi usado para
atingi-lo politicamente. Assim,
busca criar uma corrente de solidariedade, pelo temor de que
outros senadores pudessem ser
alvos no futuro. Daí a chance de
prevalecer o argumento de que
tudo é segredo de justiça.
Em telefonemas, Renan insinua que haveria interesse do
PT em enfraquecê-lo politicamente e, por conseqüência, o
PMDB. Os dois partidos travam disputa por espaço no segundo escalão do governo Lula.
Ao levantar a tese de estremecimento entre PT e PMDB,
Renan busca constranger o governo e o ministro Tarso Genro
(Justiça). Desde o início da
Operação Navalha, que derrubou Silas Rondeau da pasta de
Minas e Energia, Renan e Sarney estimulam a versão de uso
político da PF. Tarso nega.
Texto Anterior: Sinop tem 103 mil pessoas sem rede de esgoto Próximo Texto: Jornalista atuou em campanha para Roseana Índice
|