|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRIVATIZAÇÃO
Compra de estatal não altera o ranking dos bancos brasileiros
Itaú compra o Banerj por R$ 311 mi e ágio de 0,35%
da Sucursal do Rio
O Banco Itaú comprou ontem o
Banco Banerj S.A. por R$ 311,1 milhões, em leilão na Bolsa de Valores do Rio. Foi a primeira privatização de um banco estadual no
Brasil. Para o secretário-executivo
do Ministério da Fazenda, Pedro
Parente, a venda será exemplo para outras privatizações.
O Itaú foi o único a apresentar
proposta, e o preço foi 0,35% acima do mínimo de R$ 310 milhões.
Mas o comprador gastou apenas
cerca de R$ 160 milhões para fechar o negócio.
Isso porque o pagamento será
feito com "moedas podres" (títulos de dívidas públicas). E os papéis são negociados no mercado
com um desconto médio de 50%
sobre seu valor original.
Cumprindo as normas que regem o negócio, o Itaú manterá a
marca Banerj por, no mínimo,
dois anos. O Banerj continuará recebendo o pagamento de impostos
e contas estaduais e servindo de
caixa para pagar salários do funcionalismo.
Nada mudará para os 1,7 milhão
de correntistas do Banerj.
Para realizar a privatização, o antigo Banerj foi dividido em dois: o
Banco do Estado do Rio de Janeiro, que ficou com as dívidas e está
em liquidação, e o Banco Banerj
S.A., que foi vendido ontem.
O pagamento do negócio está
condicionado à aprovação, pela
Assembléia Legislativa, de um
projeto do Executivo definindo as
regras de uso do empréstimo de R$
3,088 bilhões feito pela CEF (Caixa
Econômica Federal) ao Estado.
Esse empréstimo só poderá ser
usado para pagar dívidas do Banerj com o fundo de pensão dos
funcionários (Previ-Banerj) e outros débitos do banco.
Segundo o secretário estadual da
Fazenda do Rio, Marco Aurélio
Alencar, o projeto seria encaminhado ontem para a Assembléia.
A expectativa do Itaú é que até
meados de julho o banco assuma a
administração do Banerj.
O leilão do Banerj foi realizado
na modalidade de entrega de envelopes fechados pelos candidatos e
durou apenas três minutos, de
14h39 a 14h42. O representante do
Itaú entregou a proposta no último segundo antes do fim do prazo.
Dos quatro pré-identificados para o leilão, apenas o Itaú, representado por sua própria corretora, e o
Banco Pactual, representado pela
corretora Ativa, foram ao pregão
da Bolsa do Rio. Bradesco e BCN
não mandaram representantes.
Lázaro Brandão, presidente do
Bradesco, disse que "o banco reavaliou e achou que não valia a pena. Não perde o primeiro lugar. O
Itaú encosta. Será uma boa briga".
A privatização não muda o atual
ranking dos bancos no país.
O Banerj foi privatizado após
duas tentativas frustradas em dezembro de 96 e depois de uma espera de nove dias, iniciada no último dia 17. Desde esse dia, a Bolsa
do Rio ficou de prontidão, a um
custo aproximado de R$ 65 mil por
dia útil, esperando soluções para
obstáculos jurídicos e para o empréstimo da CEF, que dependia de
aprovação do Senado.
Os empregados do Banerj, que
há duas semanas iniciaram uma
batalha de liminares e manifestações de rua contra o leilão, ontem
fizeram apenas greve em algumas
agências e uma pequena concentração em frente à Assembléia.
As ações do tipo ON (Ordinária
Nominativa) do Banco Itaú fecharam ontem com baixa de 6,8% na
Bolsa paulista. O papel foi o segundo mais negociado no dia. Movimentou R$ 138 milhões.
As ações do tipo ON são as que
dão direito a voto. A queda de
6,8% deve ser vista com cautela. Isso porque nas últimas semanas a
ação teve expressiva valorização. O
preço de fechamento de ontem
ainda é 8,5% maior que o do dia 13.
Colaborou a Reportagem Local
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|