São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SOCORRO A BANCOS
Para juiz, Ministério Público estaria se pautando mais pelo "exibicionismo" do que pela "legalidade"
Juiz deverá absolver diretora do BC que deu ajuda ao Marka

WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O juiz federal César Antônio Ramos deverá absolver a diretora de Fiscalização do Banco Central, Tereza Grossi, na ação que pede seu afastamento do cargo em função do socorro aos bancos Marka e FonteCindam. Essa tendência ficou explícita em conversas que o juiz manteve com alguns interlocutores nos últimos dias.
Juiz substituto na 7ª Vara Federal de Brasília, Ramos considera que o Ministério Público Federal tem se pautado mais pelo "exibicionismo" do que pela "legalidade" nas ações sobre o caso Marka-FonteCindam. "Esses procuradores só querem prender mais um", disse Ramos, segundo relato de um de seus interlocutores.
Referia-se, implicitamente, à ação de procuradores do Rio de Janeiro, que obtiveram na Justiça a prisão do banqueiro Salvatore Alberto Cacciola, dono do Marka, detido há quase três semanas, e do consultor Luiz Augusto Bragança, amigo do ex-presidente do BC Francisco Lopes, solto desde a última quinta-feira.
Um dos assessores do juiz Ramos informou que a decisão dele sobre o pedido de afastamento de Grossi ficará pronta em julho. Ontem, o juiz expediu intimação para que a diretora do BC apresente sua defesa no prazo de dez dias. Só então ele irá se pronunciar formalmente.
Na ação contra Grossi, os procuradores Luiz Francisco Fernandes de Souza e Guilherme Schelb alegaram que ela e o consultor Alexandre Pundek deveriam ser afastados porque participaram da operação de ajuda. Grossi e Pundek são os únicos funcionários na atual diretoria que participaram da operação e que ainda ocupam cargos de confiança no BC.
Schelb e Souza alegam que os dois colaboraram para que o BC praticasse atos ilícitos e querem que eles ajudem a pagar pelo prejuízo. Incluindo aí cargos, prerrogativas legais de servidores públicos e até mesmo patrimônio pessoal.

Gravação
No último final de semana, as revistas "IstoÉ" e "Dinheiro" revelaram uma gravação telefônica feita pela Polícia Federal que flagra um comentário de Cacciola sobre a indicação de Grossi para a diretoria de Fiscalização do BC.
"Estou muito feliz, ela ficou na diretoria. É muito boa, muito competente", diz Cacciola, na gravação. "A da ajuda, né?", respondeu um amigo não identificado. "É... a da ajuda...", comentou Cacciola, com ironia. Só foram divulgadas essas três frases.
Para o procurador Souza, a fita "é mais um detalhe" no processo, que reforça o que já existe contra ela.


Texto Anterior: PDT, dividido, indicará o vice de Maria Elvira
Próximo Texto: Cacciola pode continuar preso até agosto
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.