|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOCORRO A BANCOS
Para juiz, Ministério Público estaria se
pautando mais pelo "exibicionismo" do que pela "legalidade"
Juiz deverá absolver diretora do BC que deu ajuda ao Marka
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O juiz federal César Antônio Ramos deverá absolver a diretora de
Fiscalização do Banco Central,
Tereza Grossi, na ação que pede
seu afastamento do cargo em função do socorro aos bancos Marka
e FonteCindam. Essa tendência ficou explícita em conversas que o
juiz manteve com alguns interlocutores nos últimos dias.
Juiz substituto na 7ª Vara Federal de Brasília, Ramos considera
que o Ministério Público Federal
tem se pautado mais pelo "exibicionismo" do que pela "legalidade" nas ações sobre o caso Marka-FonteCindam. "Esses procuradores só querem prender mais um",
disse Ramos, segundo relato de
um de seus interlocutores.
Referia-se, implicitamente, à
ação de procuradores do Rio de
Janeiro, que obtiveram na Justiça
a prisão do banqueiro Salvatore
Alberto Cacciola, dono do Marka,
detido há quase três semanas, e do
consultor Luiz Augusto Bragança,
amigo do ex-presidente do BC
Francisco Lopes, solto desde a última quinta-feira.
Um dos assessores do juiz Ramos informou que a decisão dele
sobre o pedido de afastamento de
Grossi ficará pronta em julho.
Ontem, o juiz expediu intimação
para que a diretora do BC apresente sua defesa no prazo de dez
dias. Só então ele irá se pronunciar formalmente.
Na ação contra Grossi, os procuradores Luiz Francisco Fernandes de Souza e Guilherme Schelb
alegaram que ela e o consultor
Alexandre Pundek deveriam ser
afastados porque participaram da
operação de ajuda. Grossi e Pundek são os únicos funcionários na
atual diretoria que participaram
da operação e que ainda ocupam
cargos de confiança no BC.
Schelb e Souza alegam que os
dois colaboraram para que o BC
praticasse atos ilícitos e querem
que eles ajudem a pagar pelo prejuízo. Incluindo aí cargos, prerrogativas legais de servidores públicos e até mesmo patrimônio pessoal.
Gravação
No último final de semana, as
revistas "IstoÉ" e "Dinheiro" revelaram uma gravação telefônica
feita pela Polícia Federal que flagra um comentário de Cacciola
sobre a indicação de Grossi para a
diretoria de Fiscalização do BC.
"Estou muito feliz, ela ficou na
diretoria. É muito boa, muito
competente", diz Cacciola, na
gravação. "A da ajuda, né?", respondeu um amigo não identificado. "É... a da ajuda...", comentou
Cacciola, com ironia. Só foram divulgadas essas três frases.
Para o procurador Souza, a fita
"é mais um detalhe" no processo,
que reforça o que já existe contra
ela.
Texto Anterior: PDT, dividido, indicará o vice de Maria Elvira Próximo Texto: Cacciola pode continuar preso até agosto Índice
|