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Ações contra medidas serão restritas ao STF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O minipacote tributário que o
presidente Fernando Henrique
Cardoso vai anunciar nesta sexta-feira prevê um mecanismo pelo
qual as eventuais ações judiciais
contra as medidas deverão ser
apresentadas diretamente ao STF
(Supremo Tribunal Federal).
Esse instrumento, chamado
mecanismo de controle constitucional, evita que contribuintes
consigam liminares na Justiça Federal em qualquer Estado, como
geralmente ocorre quando o governo baixa medidas polêmicas.
Segundo a AGU (Advocacia Geral da União), a intenção do governo não é dificultar o acesso da
população à Justiça, mas apressar
o julgamento de eventuais ações
contra o pacote, evitando pendências que poderiam durar meses ou anos, em prejuízo dos próprios contribuintes.
A AGU citou o caso das liminares contra a prorrogação da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira).
Juízes federais de diversos Estados concederam liminares contra
essa contribuição, que deixou de
ser arrecadada durante alguns
meses em 1999. Mas o STF cassou
as liminares, e a contribuição teve
de ser recolhida retroativamente.
Esse mecanismo, diz a AGU, reduz a insegurança jurídica que
eventualmente o pacote possa gerar, porque as pessoas não vão ficar anos sem saber se têm ou não
de pagar determinado tributo.
As associações que representam
os juízes federais e os procuradores da República criticaram ontem a proposta, em estudo pelo
governo, de concentração no STF
(Supremo Tribunal Federal) de
eventuais processos contra o pacote tributário, a ser editado.
Tanto a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) quanto a Ajufe (Associação
dos Juízes Federais do Brasil) disseram que a iniciativa do governo
limitará o acesso das pessoas à
Justiça, o que é vedado pela Constituição.
O presidente da ANPR, Carlos
Frederico, disse que a proposta do
governo é "autoritária". Para ele, a
concentração das causas no STF
poderá impedir que o cidadão
mova ações por conta própria.
Somente autoridades, como o
procurador-geral da República, e
organismos, como os partidos
políticos, teriam esse poder.
O presidente do STF, ministro
Marco Aurélio de Mello, evitou
criticar a proposta. Disse que ela
tem duas vertentes: uma que garante tramitação mais rápida,
porque hoje cada processo demora anos para chegar ao Supremo,
a última instância, e outra que
concentra poderes nesse tribunal.
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