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Irmão de prefeito diz temer por testemunhas
DA REPORTAGEM LOCAL, DA AGÊNCIA
FOLHA E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O oftalmologista João Francisco
Daniel, irmão do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, disse ontem que se negou a
revelar os nomes das quatro testemunhas que diz ter sobre as conversas com o ex-coordenador de
governo da prefeitura Gilberto
Carvalho e da ex-mulher do prefeito, Miriam Belchior, por orientação de seus três advogados.
"É para protegê-las. Se for necessário, vou revelar ao Ministério Público", disse, após uma hora
e meia de depoimento à CPI. Segundo a Folha apurou, das quatro
testemunhas, uma teria ouvido a
conversa de João Francisco com
Gilberto e, as outras três, com Miriam. A imprensa, impedida de
entrar na sessão pelos vereadores,
ficou numa ante-sala sem acesso à
CPI, onde ficou a família do médico, sua mulher, Marguerita, e a filha, Ana Cristina, também impedidas de assistir ao depoimento.
Ambas demonstravam tranquilidade e afirmaram não ter escolta
policial, conforme promessa dos
vereadores. Marguerita e Ana disseram que estão sendo paradas
sempre na rua, com gente afirmando que não acreditam que o
assassinato do prefeito foi crime
comum: "Também não acreditamos que foi comum, foi queima
de arquivo", disse Marguerita.
Depois do depoimento, o médico deu rápida entrevista. Disse
que não falou nenhuma novidade
em relação ao que havia dito à imprensa e aos promotores, no último dia 24 de maio. Disse que não
foi pressionado no depoimento:
"Os vereadores foram cordiais".
Logo após a saída de João Francisco, os vereadores da CPI passaram a ouvir o depoimento de Rosangela Gabrilli, responsável pelas
empresas de transporte Viação
São José e Expresso Guarará, até
que seu pai, Luiz Alberto Ângelo
Gabrilli Filho, se recupere de um
transplante de rim, um mês atrás.
Em duas horas de depoimento,
Rosangela afirmou que não trouxe nenhuma novidade à CPI. Ela
reafirmou aos vereadores que integram a CPI que há um esquema
de gestão paralela em Santo André que funciona à base de exigências ilegais dos prestadores de
serviços -usadas como instrumento de pressão- e extorsão.
Responsável pelas empresas
Viação São José e Expresso Guarará, Rosângela disse não concordar com o uso do termo propina
para definir pagamento de R$ 41,6
mil que fazia mensalmente a supostos representantes do empresário Ronan Maria Pinto: "Isso é
extorsão. Não pagávamos porque
queríamos, mas porque, se nos
negássemos, eram perseguidos".
O irmão de Rosangela, Luiz Alberto Gabrilli Neto, prestou um
depoimento mais curto, de uma
hora. Também disse que não declarou nada de novo aos vereadores em relação a seu depoimento
ao Ministério Público.
Em entrevista depois do depoimento, Gabrilli Neto disse que se
sentia "intimidado" em reuniões
com o secretário de Serviços Municipais Klinger Luiz de Souza por
conta de um revólver que ele utilizaria amarrado no tornozelo.
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