São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Irmão de prefeito diz temer por testemunhas

DA REPORTAGEM LOCAL, DA AGÊNCIA
FOLHA E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O oftalmologista João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, disse ontem que se negou a revelar os nomes das quatro testemunhas que diz ter sobre as conversas com o ex-coordenador de governo da prefeitura Gilberto Carvalho e da ex-mulher do prefeito, Miriam Belchior, por orientação de seus três advogados.
"É para protegê-las. Se for necessário, vou revelar ao Ministério Público", disse, após uma hora e meia de depoimento à CPI. Segundo a Folha apurou, das quatro testemunhas, uma teria ouvido a conversa de João Francisco com Gilberto e, as outras três, com Miriam. A imprensa, impedida de entrar na sessão pelos vereadores, ficou numa ante-sala sem acesso à CPI, onde ficou a família do médico, sua mulher, Marguerita, e a filha, Ana Cristina, também impedidas de assistir ao depoimento.
Ambas demonstravam tranquilidade e afirmaram não ter escolta policial, conforme promessa dos vereadores. Marguerita e Ana disseram que estão sendo paradas sempre na rua, com gente afirmando que não acreditam que o assassinato do prefeito foi crime comum: "Também não acreditamos que foi comum, foi queima de arquivo", disse Marguerita.
Depois do depoimento, o médico deu rápida entrevista. Disse que não falou nenhuma novidade em relação ao que havia dito à imprensa e aos promotores, no último dia 24 de maio. Disse que não foi pressionado no depoimento: "Os vereadores foram cordiais".
Logo após a saída de João Francisco, os vereadores da CPI passaram a ouvir o depoimento de Rosangela Gabrilli, responsável pelas empresas de transporte Viação São José e Expresso Guarará, até que seu pai, Luiz Alberto Ângelo Gabrilli Filho, se recupere de um transplante de rim, um mês atrás.
Em duas horas de depoimento, Rosangela afirmou que não trouxe nenhuma novidade à CPI. Ela reafirmou aos vereadores que integram a CPI que há um esquema de gestão paralela em Santo André que funciona à base de exigências ilegais dos prestadores de serviços -usadas como instrumento de pressão- e extorsão.
Responsável pelas empresas Viação São José e Expresso Guarará, Rosângela disse não concordar com o uso do termo propina para definir pagamento de R$ 41,6 mil que fazia mensalmente a supostos representantes do empresário Ronan Maria Pinto: "Isso é extorsão. Não pagávamos porque queríamos, mas porque, se nos negássemos, eram perseguidos".
O irmão de Rosangela, Luiz Alberto Gabrilli Neto, prestou um depoimento mais curto, de uma hora. Também disse que não declarou nada de novo aos vereadores em relação a seu depoimento ao Ministério Público.
Em entrevista depois do depoimento, Gabrilli Neto disse que se sentia "intimidado" em reuniões com o secretário de Serviços Municipais Klinger Luiz de Souza por conta de um revólver que ele utilizaria amarrado no tornozelo.



Texto Anterior: "Existem CPIs e CPIs", diz vereador
Próximo Texto: Investigação sobre Lula só foi suspensa ontem pela PF
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.