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NO AR
Nihil obstat
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Lula tem mais é que ficar
quieto, como querem tantos e tantos comentaristas de televisão.
Depois do Poder Legislativo,
do Poder Judiciário, de Boris
Casoy e de Franklin Martins,
agora é a Igreja Católica que
vem questionar os improvisos
do presidente.
Mas, como aconteceu um dia
antes com o presidente do Congresso, também o presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil procurou aceitar
Lula como ele é:
- Se ele está solidário com os
que mais sofrem, pode pedir a
ajuda de Deus.
Era d. Geraldo Majella, ontem
na televisão, autorizando Lula a
usar o nome de Deus -desde
que não o faça "de forma messiânica".
Era ainda uma reação ao discurso que arrepiou alguns ministros do Supremo e parlamentares. No caso, Lula afirmou que
"só Deus" pode impedir o Brasil
de ocupar seu lugar de destaque
no mundo.
Mas, note bem, ontem foi só o
"nihil obstat" da Igreja Católica. Da Igreja Universal em
diante, não faltam representantes de Deus para se declararem
ofendidos ou não.
Em suma, é para ficar quieto.
Apesar do pitoresco da discussão "religiosamente correta", o
presidente da CNBB saiu do encontro com Lula deixando bem
claro seu apoio ao presidente.
Chegou a dizer:
- Lula jamais usou o nome
de Deus em vão.
Outros se dispunham, ontem,
a apoiar o presidente acuado
pela opinião pública.
O empresário Antônio Ermírio de Moraes, exemplo maior,
falou ao vivo à rádio Bandeirantes e, ao tratar da reforma
da Previdência, saiu-se com o
seguinte:
- Nota dez para o presidente
Lula, viu, nota dez.
E mais, ele também acha que
o país "saiu da UTI", ainda que
esteja no hospital.
Na mesma direção, também
ao tratar da reforma da Previdência, o presidente da CUT, o
metalúrgico Luiz Marinho, afirmou às rádios que a central não
vai apoiar a greve do funcionalismo.
No Congresso dos Metalúrgicos do ABC, ao falar aos "companheiros de 30 anos", Lula ouvia coros emocionados de velhas
campanhas.
De repente, de fontes inusitadas, outras nem tanto, foi como
se surgisse um cordão de isolamento ao redor do presidente da
República.
Mas as más notícias não têm
fim. E os telejornais todos abriram ontem com o novo aumento do desemprego.
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