São Paulo, domingo, 27 de junho de 2004

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Serra ataca empreguismo na prefeitura

Homologado candidato pelo PSDB em aliança com o PFL, tucano critica ações de "última hora" da prefeita

DA REPORTAGEM LOCAL
DO PAINEL

O candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB José Serra prometeu cortar gastos e sanear as contas públicas -ponto sensível da gestão da prefeita Marta Suplicy (PT), que busca a reeleição. Serra chamou ainda o PT de incoerente e defendeu a indicação do deputado federal pefelista Gilberto Kassab para o posto de vice em sua chapa .
"Vamos fazer um saneamento financeiro e acabar com o empreguismo. Há margem para enxugar custos", declarou Serra ontem após a convenção na Assembléia paulista, onde o seu nome foi confirmado candidato pelo PSDB em aliança com o PFL.
Segundo números oficiais divulgados pela Prefeitura de São Paulo na última semana, a dívida da capital paulista atingiu R$ 26,1 bilhões, acima do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal.
São Paulo já utiliza 13% do total do que arrecada para pagar dívida. O próximo prefeito poderá ter 23% do seu Orçamento engessado com o pagamento de débitos.
O tucano prometeu focalizar os gastos públicos essenciais -bandeira do receituário liberal.
Serra usou sua trajetória política para criticar o PT e dizer, de forma indireta, que o partido tem problema com a sua biografia.
"Não tenho problemas com o meu passado. São outros partidos, outras pessoas que têm problemas com a biografia e tem de se explicar o tempo inteiro", declarou o candidato.
O tucano acusou ainda a gestão atual de "trabalhar na última hora". Foi uma referência indireta às obras realizadas pela prefeita em ano de eleição. Ainda indiretamente, Serra acusou a gestão petista de ser autoritária. "Vamos ser eleitos para servir ao povo, e não para exercer o poder de forma autoritária", afirmou.
"O PSDB não governa de improviso. Não governa odiando, adiando, de última hora. Sabe por quê? Porque trabalhamos desde o primeiro minuto", disse Serra.

Federalização
Apesar de enfatizar que não irá federalizar a campanha, Serra acusou o governo Lula de não cumprir a promessa de campanha de dobrar o salário mínimo em quatro anos. "No ritmo que está vai demorar 50 anos para dobrar o mínimo. São quatro anos em 50. Ao contrário de Juscelino [Kubistchek (1902-1976), presidente de 1956 a 1961, autor do lema: 50 anos em cinco]."
O candidato do PSDB acusou Marta de aumentar os gastos com contratação de assessores especiais em R$ 100 milhões e de publicidade em R$ 160 milhões.
O PSDB pretende colar a imagem de Serra à do governador Geraldo Alckmin, apostando nos índices de aprovação dele. Ontem, Serra afirmou que, se eleito, governará em parceria com o Estado. Citou obras que poderiam ser feitas em conjunto, como a ampliação do metrô e o Rodoanel.
O PSDB nunca venceu uma eleição para a Prefeitura de São Paulo. É a terceira vez que o economista e ex-ministro da Saúde do governo FHC José Serra candidata-se ao cargo. Em 1988 e 1996, ficou em quarto e terceiro lugar, respectivamente.
A coligação entre PSDB e PFL deverá render a Serra cerca de 13 minutos de tempo de TV. É o segundo maior tempo, atrás apenas do de Marta.
(JULIA DUAILIBI, MURILO DE FIUZA MELO E JOSÉ ALBERTO BOMBIG)


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