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ESTADOS
Afastamento de Marconi Perillo por abuso de poder é avalizado por procurador
Parecer pede cassação de governador tucano de GO
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A PGE (Procuradoria Geral
Eleitoral) deu parecer favorável a
um pedido de cassação do diploma do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Encaminhado ao TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) no dia 3 de junho, o parecer considera procedente a acusação de que Perillo
abusou do poder "econômico,
político ou de autoridade" de que
dispunha e, mediante contrato
publicitário de R$ 1,5 milhão, no
qual haveria "evidentes indícios
de prática de improbidade administrativa", buscou promover sua
própria imagem, no período que
antecedeu à campanha em que se
reelegeu governador em 2002.
A base do "recurso contra expedição de diploma" de Perillo foi
extraída de acusações protocoladas no TSE pelo PMDB, legenda
que patrocinou a candidatura do
senador Maguito Vilela na disputa com Perillo. De um total de cinco acusações, a Procuradoria Eleitoral acolheu apenas uma. Foi resumida assim pelo procurador
Carlos Frederico Santos:
"Restam, assim, provas suficientes nos autos a caracterizar
não só a existência do abuso, mas
também a sua potencialidade de
influir no resultado da eleição,
evidenciando-se sua prática como ilícito eleitoral passível de inelegibilidade e cassação".
Com base em documentos reunidos na ação de investigação
eleitoral cujo foco é o suposto
abuso, o procurador Frederico
Santos, que em nome da PGE deu
parecer favorável à cassação do
diploma de Perillo, afirma haver
indícios de que parte do dinheiro
destinado à publicidade foi parar
em seu caixa de campanha.
O indício seria, ainda conforme
Santos, uma contribuição de
campanha de R$ 300 mil da empresa Unigraf Unidas Gráficas e
Editoras Ltda., em 28 de agosto de
2002, à campanha de Perillo.
A Unigraf publica o jornal "Diário da Manhã", no qual, mediante
contrato sem licitação, o governo
veiculou, em março e abril de
2002, propaganda sobre as realizações da gestão Perillo em um
encarte especial chamado "Goiás
em Raio X". Segundo o Ministério
Público, o material se destinava à
autopromoção do governador.
No corpo do processo, encaminhado ao TSE em março do ano
passado, os advogados de Perillo
atribuem o espaço publicitário
conquistado pelo governador à
competência, à vivacidade e atuação da assessoria de imprensa
contratada pelo tucano, negando
a ocorrência de abuso.
A circulação da propaganda de
Perillo foi suspensa por decisão
judicial. Ainda assim, alega-se
que a circulação do material teve
impacto sobre o resultado da eleição, pois, quando proibida, já
atingira 700 mil eleitores -cerca
de 20% do eleitorado de Goiás.
O contrato, segundo o parecer
encaminhado ao TSE, contém indícios de improbidade administrativa. O "Diário da Manhã" enviou ao governo goiano a proposta de veiculação do suplemento
promocional no dia 25 de fevereiro de 2002. Em 1º de março, quando o suplemento começou a circular, teve início tramitação do
processo licitatório "dado em andamento relâmpago e de forma
atropelada, pois em um só dia, 5
de março" daquele ano, ocorreram: assinatura do contrato e
emissão de nota de empenho.
Ao concluir o parecer, o procurador Frederico Santos destacou
algumas das perguntas que, apresentadas pelo jornal em entrevista
a Perillo, teriam funcionado para
autopromover o candidato. O
processo está aberto à consulta
dos advogados de Perillo.
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