FÁBIO ZANINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES

Os ex-radicais expulsos do PT, que formaram o novo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), deram início ontem em Londres a uma "turnê internacional anti-Lula", na qual pretendem denunciar o presidente como "traidor" para movimentos de esquerda europeus e latino-americanos, além de divulgar a nova legenda.
O primeiro ato ocorreu numa palestra do deputado federal João Batista Araújo, o Babá (PA), a cerca de 300 militantes do Partido Socialista Britânico, pequena agremiação de extrema-esquerda. Sem representação no Parlamento, mas forte em movimentos sociais e sindicais, o partido seria comparável no Brasil ao PSTU.
Em dez dias, será a vez de a deputada Luciana Genro (RS) viajar a Londres a convite de outra sigla, o Partido dos Trabalhadores Socialistas. O P-SOL tem ainda convites para ir a França, Equador e Venezuela nos próximos dois meses. "Existe um grande desencanto da esquerda européia com o governo Lula", afirmou Babá.
Na palestra, ele foi convidado de honra, ao lado de uma ex-presa política iraquiana. Deveria ter falado em espanhol, com suas palavras traduzidas para o inglês por um militante que entende o idioma, mas o deputado admitiu que não conseguiria mais do que arranhar um "portunhol". "Preciso tomar vergonha e aprender inglês", reconheceu.
Como resultado, houve alguma dificuldade para que ele fosse traduzido. Quando Babá chamou Lula de "menino de recados" do FMI, o tradutor não conseguiu entender o que ele queria dizer. Na hora de falar sobre o salário mínimo, Babá criticou o fato de os R$ 260 serem "menos de US$ 80", mas o número foi traduzido como "menos de US$ 20".
Como se estivesse dando uma aula aos participantes do seminário, o deputado fez um histórico da fundação do PT e de como, na sua opinião, o partido e Lula mudaram de lado após a eleição de 1989 para chegar ao poder. "O PT trocou a luta pelas eleições."
Babá arrancou aplausos ao defender um movimento socialista mundial para combater "o monstro do capitalismo e do imperialismo". Ao final do discurso de 30 minutos, a mediadora do evento afirmou que a luta dele contra o PT é uma "inspiração" para os que combatem Tony Blair (primeiro-ministro trabalhista) na Inglaterra.
O deputado participou do evento em viagem oficial da Câmara, com despesas pagas pelo Legislativo brasileiro.


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