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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/REAÇÃO OFICIAL
Sete governadores avaliam que convenção para discutir participação no governo deixaria presidente à espera e agravaria a crise
Ala do PMDB rejeita mais espaço no governo
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os sete governadores do PMDB
e os ex-governadores Orestes
Quércia e Anthony Garotinho são
contra a ampliação do espaço do
partido no governo. Resistem até
à idéia de convocação de uma
convenção extraordinária para
decidir se aceitam a oferta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
de dar quatro pastas ao partido.
A Folha apurou que essa resistência será tema de reunião hoje
em Brasília entre o presidente do
PMDB, deputado federal Michel
Temer (SP), e os principais representantes da ala governista da sigla, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador
José Sarney (AP).
Em almoço no Palácio do Planalto na última sexta-feira, Lula
ofereceu a Temer e a Renan quatro ministérios de peso: Minas e
Energia, Cidades, Saúde e Integração Nacional. Aventou a possibilidade de o partido manter os
que já possui, Previdência e Comunicações, desde que se contente ao final da reforma ministerial
com quatro pastas.
O presidente do PMDB, membro da ala oposicionista mas político de temperamento moderado,
disse a Lula que faria consultas.
Lula disse que esperaria.
Na avaliação de Lula, o PMDB é
fundamental para superar a
maior crise política de seu governo. Ele quer aumentar a sua proteção no Congresso, onde há investigações parlamentares sobre
acusações de corrupção ao governo. O PMDB tem a maior bancada do Senado (23) e a segunda da
Câmara (85 deputados).
Desde sexta, Temer tem feito
consultas. Afirmou que, pelo que
tem ouvido, só uma nova convenção do partido poderia chancelar
a aceitação da proposta, pois convenção anterior da legenda decidira pela entrega dos cargos. Isso
não aconteceu porque essa última
convenção é contestada judicialmente até hoje.
Desgaste
Governadores do PMDB têm
dito que uma convenção só faria
sentido se for para dizer "sim".
Do contrário, só agravariam a crise política, pois deixariam o presidente sem resposta por pelo menos uns dez dias para, ao final, rejeitar a sua proposta.
A ala governista gostaria de responder rapidamente. Renan já
sentiu as dificuldades para uma
adesão integral do partido. Se ficar claro no curto prazo que será
impossível o partido aceitar a
oferta, os governistas defenderão
que Temer diga a Lula ser melhor
deixar tudo como está.
O próprio Temer disse isso a
Lula na sexta. Afirmou que, se ele
mantivesse a atual fatia de poder,
o partido continuaria a apoiar a
sua "governabilidade", mas sem
compromisso integral da sigla.
Nesse cenário, o mais provável
no momento, Lula faria uma renegociação com as forças peemedebistas que já o apóiam. A novidade seria dar um ministério ao
grupo de Sarney. O presidente já
tem até nome e pasta: Silas Rondeau, presidente da Eletronorte,
para Minas e Energia.
Os atuais ministros, Jucá na Previdência e Eunício nas Comunicações, pertencem ao grupo governista e poderiam ser substituídos.
Jucá é da cota da bancada do Senado, apadrinhado principalmente por Renan. Eunício representa a bancada da Câmara, onde
há forte divisão entre governistas
e oposicionistas.
O sucesso ou fracasso da negociação com o PMDB influenciará
o tamanho da reforma ministerial
em estudo. Num cenário, ela pode
afetar 15 dos 35 ministros. A intenção de Lula é abrir espaço para
aliados, inclusive para o PP de Severino Cavalcanti (PE), e reduzir a
participação dos petistas (19 dos
35 ministros).
A depender da conversa de hoje
entre Temer, Sarney e Renan, os
governistas podem desaconselhar
Lula a fazer reuniões com os sete
governadores peemedebistas:
Joaquim Roriz (DF), Rosinha Garotinho (RJ), Jarbas Vasconcelos
(PE), Luiz Henrique (SC), Germano Rigotto (RS), Roberto Requião
(PR) e Marcelo Miranda (TO).
Pode ser desgaste inútil.
Exemplo de dificuldade para
uma composição completa do
PMDB com Lula: em conversas
reservadas, Quércia, que apoiou
Lula em 2002, queixa-se de ter feito acordos com o próprio presidente que nunca foram honrados.
Garotinho também tem reclamações semelhantes. Diz que sua
mulher, Rosinha, encaminhou
pleitos ao Planalto e à equipe econômica e nunca teve resposta.
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