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Toda Mídia
Nelson de Sá
Rebanho de gnus
Depois do "Le Monde", é o "Guardian" que destaca a
desproporção da mídia brasileira na Copa, "o maior
contingente de todos". Do texto de Alex Bellos:
- Por que eles são tantos e o que estão fazendo?... O
Brasil mede sua história em Copas, e existe uma sede
insaciável por informação sobre a equipe nacional. Os
treinamentos têm cobertura minuto a minuto, com
transmissão ao vivo de exercícios de alongamento...
Pior fez a agência Reuters,
sob o título"Brasil traz uma
mídia de enlouquecer [a rampaging media] para a Copa":
- O Brasil traz seu colorido
bando de mídia de 600. Como
um rebanho de gnus cruzando o Serengeti [parque no
Quênia], a mídia brasileira
desce sobre locais insuspeitos, aplanando -e entrevistando- tudo em seu caminho.
Vai daí para baixo, com trechos como, "sem jogadores
para entrevistar, eles preenchem as suas reportagens entrevistando uns aos outros".
A exemplo do "Guardian", a
Reuters destacou a Globo
-que "despachou até os apresentadores de todos os seus
quatro telejornais diários".
Enquanto isso, a manchete
do dia no Brasil era "Leitura
labial irrita Parreira", no
enunciado da Folha Online.
Agastado com os supostos
palavrões apontados pelos
"jovens surdos" convocados
pelo "Fantástico", ele acusou
"invasão de privacidade".
E a Globo acusou o golpe.
Fátima Bernardes leu editorial em que declarou, a certa
altura, que a reportagem da
Globo era "mais entretenimento do que jornalismo".
www.alt1040.com/Reprodução
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CERVEJA Estrela no Rio, Gilberto Gil ganhou vídeo viral ao provar uma Free Beer, sem copyright, dizendo "vamos compartilhar a fórmula", "não precisa pagar", "it's not just free, it's good"
PROPRIEDADE COMUM
"New York Times" e dezenas de sites e blogs "indie" do
mundo baixaram no Rio para cobrir "a inusitada aliança
global de artistas, cientistas e advogados". O assunto:
"creative commons", o movimento para abrir o copyright,
os direitos de toda criação, em especial as digitais.
Da BBC ao MSN e agora à Radiobrás de Eugênio Bucci,
do Pearl Jam aos Beastie Boys, a coisa avança. No evento,
a atração foi o ministro Gil, que falou a Larry Rohter:
- Há consciência cada vez maior de que a propriedade
intelectual deve ser vista de forma diferente do passado.
"LULA AGAIN"
O lançamento da campanha
de Lula foi noticiado ontem
ao longo da imprensa internacional de centro-esquerda.
No título do "Le Monde",
que mal citou os escândalos,
"Lula é candidato à reeleição
em nome das reformas". No
"Independent", "Lula se recupera do escândalo para se candidatar". Por todo lado, menções à origem humilde etc.
E versões várias do slogan
lulista, como no "Guardian":
- Lula again. With the
strength of the people.
O HOMEM MISTÉRIO
Na América Latina, o argentino "La Nación" trazia na
manchete, na versão on-line,
"Kirchner apóia a reeleição de
Lula". Mas não é para os dois
-ambos candidatos- que se
voltam as atenções externas.
É para o mexicano López
Obrador, candidato domingo.
O "Financial Times", em contraste com a cobertura na região, diz que o esquerdista é o
favorito, em textos como
"Cresce o momento para
Obrador". Fez até perfil, sob o
título "O homem mistério".
"TASTELESS"
Também o lançamento de
Geraldo Alckmin ganhou alguma cobertura, ao menos na
atual edição da "Economist"
-sob o título "Um intruso
com uma (pequena) chance".
Na passagem de maior ironia, a "Economist" tentou traduzir "picolé de chuchu", da
expressão de José Simão, e
cometeu "a tasteless vegetable on a stick", um vegetal sem
gosto em uma vareta.
TUDO-SOB-CONTROLE
Também no exterior (onde
tratam as quatro centenas de
mortos pela polícia paulista
como "chacina"), ecoou em sites como NYT.com a notícia
de que "a polícia matou em tiroteio 13 suspeitos de serem
membros de gangues".
Na declaração do secretário
Saulo de Castro Abreu ao
"Jornal Nacional", "esta operação é um bom aviso para
quem pretende atacar prédio
público, quer dizer, de como
será a ação da polícia".
Do blog de Xico Sá, só ele:
- O tudo-está-sob-controle
que sai da boca das autoridades nunca foi tão irreal.
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@ - Nelson de Sá
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