São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

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Suspeita sobre BRB se estende a Nossa Caixa

Ministério Público e Polícia Civil vêem fortes indícios de que esquema de desvios seria semelhante em bancos estaduais

Polícia do DF calcula que a fraude tenha desviado R$ 50 milhões do erário do Distrito Federal por meio da Asbace; fraude em SP pode ser maior

RANIER BRAGON
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público e a Polícia Civil do Distrito Federal afirmam haver "fortes indícios" da existência de um esquema de desvio de recursos públicos na Nossa Caixa, banco oficial do governo de São Paulo.
Os investigadores apontam a existência de esquema idêntico ao que fraudou os cofres do BRB, banco oficial do Distrito Federal: as mesmas empresas, com procedimentos e contratos da mesma natureza, mas em valores superiores.
A fraude contra o BRB foi desvendada no último dia 14 por meio da Operação Aquarela, da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal.
Na operação, foram expedidos mandados de prisão contra 20 pessoas, entre elas o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklin de Moura e o então secretário-geral da Asbace (Associação Nacional de Bancos), Juarez Lopes Cançado. Moura foi flagrado conversando com o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) sobre a partilha de dinheiro no escritório de Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da Gol.
Os responsáveis pela investigação em Brasília afirmaram que já acionaram o Gaeco, braço do Ministério Público do Estado de São Paulo responsável pelo combate ao crime organizado. A papelada relativa ao caso será enviada a São Paulo nas próximas semanas. O Gaeco aguarda os papéis para instaurar investigação sobre o banco.
Questionado sobre as suspeitas, o procurador-geral de Justiça do Distrito Federal, Leonardo Bandarra, não comentou o caso da Nossa Caixa devido ao segredo de Justiça: "O que posso dizer é que provavelmente a modalidade criminosa descoberta aqui, por ser moderna e eficiente, foi copiada em outras unidades da federação".
O esquema desvendado pela Operação Aquarela funcionaria da seguinte forma em Brasília: o BRB firmava contrato sem licitação com a Asbace, que subcontrataria outras empresas para a realização de serviços bancários diversos -entre as quais a ONG Caminhar, a ATP Tecnologia e Produtos e a FLS Tecnologia, cujos donos foram presos na operação. Em meio a serviços reais, elas realizariam serviços fictícios, como pesquisas sobre a satisfação do cliente com o atendimento do banco.
Os questionários que deveriam ser respondidos pelos clientes eram preenchidos por uma funcionária da ONG Caminhar, auxiliada pelo namorado. O BRB pagava pelo suposto serviço, dinheiro que voltava a dirigentes do banco e da Asbace por meio de saques bancários com cartões corporativos emitidos pela Caminhar. A Polícia Civil e o Ministério Público calculam que a fraude tenha desviado R$ 50 milhões do erário do Distrito Federal.
Os investigadores dizem ter obtido contratos da Nossa Caixa com as empresas suspeitas, mas enquanto o contrato do BRB com a Asbace girava em torno de R$ 3 milhões ao mês, o da Nossa Caixa girava em torno de R$ 15 milhões mensais.


Colaborou a Reportagem Local

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