|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Suspeita sobre BRB se estende a Nossa Caixa
Ministério Público e Polícia Civil vêem fortes indícios de que esquema de desvios seria semelhante em bancos estaduais
Polícia do DF calcula que a fraude tenha desviado R$ 50 milhões do erário do Distrito Federal por meio da Asbace; fraude em SP pode ser maior
RANIER BRAGON
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público e a Polícia Civil do Distrito Federal
afirmam haver "fortes indícios"
da existência de um esquema
de desvio de recursos públicos
na Nossa Caixa, banco oficial
do governo de São Paulo.
Os investigadores apontam a
existência de esquema idêntico
ao que fraudou os cofres do
BRB, banco oficial do Distrito
Federal: as mesmas empresas,
com procedimentos e contratos da mesma natureza, mas
em valores superiores.
A fraude contra o BRB foi
desvendada no último dia 14
por meio da Operação Aquarela, da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal.
Na operação, foram expedidos mandados de prisão contra
20 pessoas, entre elas o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklin de Moura e o então secretário-geral da Asbace (Associação Nacional de Bancos), Juarez Lopes Cançado. Moura foi
flagrado conversando com o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) sobre a partilha de dinheiro no escritório de Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da Gol.
Os responsáveis pela investigação em Brasília afirmaram
que já acionaram o Gaeco, braço do Ministério Público do Estado de São Paulo responsável
pelo combate ao crime organizado. A papelada relativa ao caso será enviada a São Paulo nas
próximas semanas. O Gaeco
aguarda os papéis para instaurar investigação sobre o banco.
Questionado sobre as suspeitas, o procurador-geral de Justiça do Distrito Federal, Leonardo Bandarra, não comentou
o caso da Nossa Caixa devido ao
segredo de Justiça: "O que posso dizer é que provavelmente a
modalidade criminosa descoberta aqui, por ser moderna e
eficiente, foi copiada em outras
unidades da federação".
O esquema desvendado pela
Operação Aquarela funcionaria
da seguinte forma em Brasília:
o BRB firmava contrato sem licitação com a Asbace, que subcontrataria outras empresas
para a realização de serviços
bancários diversos -entre as
quais a ONG Caminhar, a ATP
Tecnologia e Produtos e a FLS
Tecnologia, cujos donos foram
presos na operação. Em meio a
serviços reais, elas realizariam
serviços fictícios, como pesquisas sobre a satisfação do cliente
com o atendimento do banco.
Os questionários que deveriam ser respondidos pelos
clientes eram preenchidos por
uma funcionária da ONG Caminhar, auxiliada pelo namorado. O BRB pagava pelo suposto serviço, dinheiro que voltava
a dirigentes do banco e da Asbace por meio de saques bancários com cartões corporativos
emitidos pela Caminhar. A Polícia Civil e o Ministério Público calculam que a fraude tenha
desviado R$ 50 milhões do erário do Distrito Federal.
Os investigadores dizem ter
obtido contratos da Nossa Caixa com as empresas suspeitas,
mas enquanto o contrato do
BRB com a Asbace girava em
torno de R$ 3 milhões ao mês, o
da Nossa Caixa girava em torno
de R$ 15 milhões mensais.
Colaborou a Reportagem Local
Texto Anterior: Senador diz que enfrenta "esquadrão da morte moral" Próximo Texto: Frase Índice
|