|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Acusado dos desvios no BRB era assessor da gestão Roriz
Fabrício Santos estava subordinado ao chefe da assessoria do gabinete do governador
Major é apontado como o dono da ONG Caminhar, que prestaria serviços fictícios ao BRB em troca das verbas divididas entre os acusados
FELIPE SELIGMAN
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acusado pela Polícia Civil e
pelo Ministério Público do Distrito Federal de ser um dos pivôs do esquema de desvio de
verbas do BRB (Banco Regional
de Brasília), o major da Aeronáutica Fabrício Ribeiro dos
Santos trabalhou em 2005 e
2006 como assessor especial do
governo do Distrito Federal,
comandado na época por Joaquim Roriz, hoje senador.
De acordo com as investigações da Operação Aquarela, Fabrício trabalhava diretamente
subordinado a Maurílio Silva,
chefe da assessoria especial do
gabinete do então governador
Joaquim Roriz (PMDB-DF).
Fabrício é apontado nas investigações como o verdadeiro
dono da ONG Caminhar -a
principal responsável pela
prestação de serviços fictícios
ao BRB. Esses serviços eram remunerados pelo banco e os valores depois eram divididos entre os acusados de integrar a organização criminosa.
Depoimento
Em seu depoimento após a
prisão, no dia 14 deste mês, Fabrício confirmou ao Ministério
Público sua ligação com o governo do Distrito Federal.
"O depoente informa que de
2005 a março de 2007 trabalhou junto à assessoria especial
do governo do Distrito Federal,
subordinado diretamente a
Maurílio Dias", diz transcrição
de seu depoimento.
Aos promotores de Justiça,
Fabrício afirmou que sua função era "coletar dados gerais
sobre programas sociais do governo" de Brasília.
A assessoria do senador Joaquim Roriz disse que o então
governador não tinha ligação
direta com Fabrício, que seria
ligado a Maurílio Silva, chefe de
sua assessoria.
A Folha não conseguiu contato ontem com Fabrício, que
trocou de advogado.
O nome do senador Joaquim
Roriz surgiu no escândalo da
Operação Aquarela por meio
de conversa telefônica interceptada em 13 de março deste
ano, na qual ele combina a partilha de um cheque de R$ 2,2
milhões com o ex-presidente
do BRB Tarcísio Franklin de
Moura -um dos presos na
Operação Aquarela.
O cheque é assinado pela
Agrícola Xingu, uma empresa
com sede em São Paulo, mas
teria sido repassado ao senador
Roriz pelo empresário Nenê
Constantino, presidente do
Conselho de Administração da
companhia aérea Gol.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Distrito Federal, as empresas controladas pela família de Nenê
Constantino possuem cerca de
30% das concessões para exploração do transporte público
no Distrito Federal.
Roriz
Roriz nega irregularidades,
dizendo que ficou com apenas
R$ 300 mil do valor, a título de
empréstimo. O valor teria sido
usado na compra, da Universidade de Marília, de um embrião
fruto da inseminação artificial
entre o esperma do touro "Heliáco" com o óvulo da vaca "Essência". Os dois animais seriam
premiados.
Outro elemento que levanta
suspeitas contra Roriz foi a
apreensão na casa do ex-presidente do BRB de uma carta em
que um empresário de Brasília
cobraria do então governador
Roriz a destinação prometida
de verbas estaduais destinadas
a publicidade, o que levanta a
suspeita de direcionamento de
verbas.
Ontem, o Ministério Público
do Distrito Federal tomava depoimentos para esclarecer as
circunstâncias descritas na carta. A assessoria de Roriz diz que
o senador desconhece a existência do documento.
Texto Anterior: Mato Grosso do Sul: Polícia investiga corrupção na gestão do PT Próximo Texto: Aquarela: Primo de Roriz pede afastamento do governo do DF Índice
|