São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

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Acusado dos desvios no BRB era assessor da gestão Roriz

Fabrício Santos estava subordinado ao chefe da assessoria do gabinete do governador

Major é apontado como o dono da ONG Caminhar, que prestaria serviços fictícios ao BRB em troca das verbas divididas entre os acusados

FELIPE SELIGMAN
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Acusado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Distrito Federal de ser um dos pivôs do esquema de desvio de verbas do BRB (Banco Regional de Brasília), o major da Aeronáutica Fabrício Ribeiro dos Santos trabalhou em 2005 e 2006 como assessor especial do governo do Distrito Federal, comandado na época por Joaquim Roriz, hoje senador.
De acordo com as investigações da Operação Aquarela, Fabrício trabalhava diretamente subordinado a Maurílio Silva, chefe da assessoria especial do gabinete do então governador Joaquim Roriz (PMDB-DF).
Fabrício é apontado nas investigações como o verdadeiro dono da ONG Caminhar -a principal responsável pela prestação de serviços fictícios ao BRB. Esses serviços eram remunerados pelo banco e os valores depois eram divididos entre os acusados de integrar a organização criminosa.

Depoimento
Em seu depoimento após a prisão, no dia 14 deste mês, Fabrício confirmou ao Ministério Público sua ligação com o governo do Distrito Federal.
"O depoente informa que de 2005 a março de 2007 trabalhou junto à assessoria especial do governo do Distrito Federal, subordinado diretamente a Maurílio Dias", diz transcrição de seu depoimento.
Aos promotores de Justiça, Fabrício afirmou que sua função era "coletar dados gerais sobre programas sociais do governo" de Brasília.
A assessoria do senador Joaquim Roriz disse que o então governador não tinha ligação direta com Fabrício, que seria ligado a Maurílio Silva, chefe de sua assessoria.
A Folha não conseguiu contato ontem com Fabrício, que trocou de advogado.
O nome do senador Joaquim Roriz surgiu no escândalo da Operação Aquarela por meio de conversa telefônica interceptada em 13 de março deste ano, na qual ele combina a partilha de um cheque de R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklin de Moura -um dos presos na Operação Aquarela.
O cheque é assinado pela Agrícola Xingu, uma empresa com sede em São Paulo, mas teria sido repassado ao senador Roriz pelo empresário Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da companhia aérea Gol.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Distrito Federal, as empresas controladas pela família de Nenê Constantino possuem cerca de 30% das concessões para exploração do transporte público no Distrito Federal.

Roriz
Roriz nega irregularidades, dizendo que ficou com apenas R$ 300 mil do valor, a título de empréstimo. O valor teria sido usado na compra, da Universidade de Marília, de um embrião fruto da inseminação artificial entre o esperma do touro "Heliáco" com o óvulo da vaca "Essência". Os dois animais seriam premiados.
Outro elemento que levanta suspeitas contra Roriz foi a apreensão na casa do ex-presidente do BRB de uma carta em que um empresário de Brasília cobraria do então governador Roriz a destinação prometida de verbas estaduais destinadas a publicidade, o que levanta a suspeita de direcionamento de verbas.
Ontem, o Ministério Público do Distrito Federal tomava depoimentos para esclarecer as circunstâncias descritas na carta. A assessoria de Roriz diz que o senador desconhece a existência do documento.


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