São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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CAMPANHA

Para igrejas tradicionais, evangelização de campanha é erro de estratégia; pentecostais apóiam a escolha

Tática de Garotinho divide evangélicos

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

A estratégia do presidenciável Anthony Garotinho (PSB) de investir na evangelização de sua campanha para melhorar a posição nas pesquisas dividiu o próprio segmento evangélico.
As chamadas igrejas tradicionais, entre as quais a Presbiteriana, da qual faz parte o próprio Garotinho, consideram um erro de estratégia. As pentecostais, porém, apóiam o novo rumo da campanha.
"A minha avaliação sincera é a de que ele não pode ser candidato de um segmento só. Considero isso uma falha estratégica. Naturalmente, o discurso de um candidato a presidente deve ser para todos os brasileiros, católicos, umbandistas, espíritas, ateus", afirmou o reverendo Guilhermino Cunha, vice-presidente da Igreja Presbiteriana do Brasil, que reúne 600 mil fiéis no país.
O pastor Nilson Fanini, presidente da Convenção Batista Brasileira, também do ramo tradicional, disse que falta a Garotinho ter um "discurso mais abrangente".
"Às vezes, ele dá mais uma de pastor do que de político. O discurso tinha que atingir os católicos, os espíritas, porque o presidente não é presidente de apenas um segmento religioso, mas de todos os brasileiros, independentemente do credo", avaliou.
O pastor Roberto de Lucena, presidente da Igreja Brasil para Cristo, pentecostal, concorda com a estratégia de Garotinho. "Se nós, evangélicos, nos unirmos, o colocamos no segundo turno", afirma.
O pastor Silas Malafaya, da Convenção Geral das Assembléias de Deus, pentecostal, ataca a imprensa, que diz estar sendo "descaradamente" discriminatória em relação à candidatura do ex-governador. "Quanto mais a imprensa pilhar o Garotinho, mas ele vai crescer entre os evangélicos. Quanto mais derem cacetada nele, mais forte ele ficará."
Ontem, no programa na "Paz do Senhor de Coração", da rádio evangélica Melodia, Garotinho pediu novamente que orem por ele amanhã, no chamado Dia de Oração. O evento é organizado pelo movimento "Fé no Brasil", que congrega 14 denominações evangélicas favoráveis ao presidenciável. A idéia é fazer com que evangélicos de todo o país dediquem cinco minutos de "clamor" no culto ao candidato. Alguns pastores, como o deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ), vêem no ato uma resposta ao PSB, que, segundo ele, "abandonou" Garotinho.


Colaborou ANTÔNIO GOIS, da Sucursal do Rio



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