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GIRO PELA ÁFRICA
Líder do MST volta a criticar condução da política econômica
Lula diz estar magoado com
aliados que atacam governo
JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A SÃO TOMÉ
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse a interlocutores estar
"magoado" com a forma com que
tradicionais aliados seus têm criticado o governo. Não citou nomes.
Durante a viagem à África, a
bordo do Boeing presidencial, o
Sucatão, Lula afirmou que antigos
aliados não têm demonstrado
confiança no governo e que o julgamento que eles estão fazendo
da sua gestão está ocorrendo
"muito cedo".
Ontem, no Rio, João Pedro Stedile, membro da direção nacional
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), voltou a criticar a política econômica
do governo Lula. Para ele, a melhoria de alguns indicadores econômicos não significa que o país
conseguirá criar empregos e distribuir renda.
"Vamos lutar para que o governo mude essa política econômica
porque, caso contrário, cai nessa
cantilena do [ministro Antonio]
Palocci [Fazenda], que se ilude a si
mesmo e diz "me engana que eu
gosto". A economia vai crescer,
mas o povo vai continuar empobrecendo. E, algum dia, o povo
dará o troco nas ruas ou nas urnas", disse Stedile.
A viagem de Lula a São Tomé e
Príncipe, um arquipélago no golfo da Guiné, na África Central, durou cerca de oito horas. Viajaram
com o presidente os ministros
Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), Tarso Genro (Educação) e Celso Amorim (Relações
Exteriores), além dos deputados
federais Vicentinho (PT-SP) e
Paes Landim (PTB-PI).
A Vicentinho, candidato a prefeito de São Bernardo do Campo,
cidade onde Lula mora, o presidente disse estar aprendendo
muito na Presidência e lhe deu
um conselho: "Ter cada vez mais
paciência".
Lula participou ontem da abertura da 5ª CPLP (Comunidade de
Países de Língua Portuguesa), onde fez um discurso em que defendeu o apoio ao Brasil dos países
da entidade para que ocupe um
assento permanente no Conselho
de Segurança da ONU.
A oficialização do apoio deverá
constar da "Declaração de São
Tomé" a ser elaborada hoje. Estavam na abertura da reunião da
CPLP chefes de Estado ou de governo de Portugal, Cabo Verde,
Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e Timor Leste, além de São
Tomé e Príncipe.
"Não há paz sem desenvolvimento e não há desenvolvimento
sem a paz", disse o presidente em
referência aos esforços da CPLP
para manter a estabilidade política nos países africanos integrantes da comunidade.
Lula também fez uma associação entre democracia política e
econômica. "A marca da comunidade [a CPLP] tem sido a defesa
dos valores democráticos que
pregamos. Por essa razão, apoiamos o processo eleitoral em São
Tomé e Moçambique. Sabemos
que a democracia política é frágil
se o povo não a ver associada a democracia econômica e social".
De acordo com o presidente, a
CPLP é uma iniciativa de "alto valor estratégico, cujo raio de ação
abrange quatro continentes".
"Temos especial urgência em ajudar a África na luta contra o dramático ciclo de pobreza, violência
e fatalismo", disse Lula no Palácio
dos Congressos para cerca de 500
pessoas.
"O meu governo tem dado forte
apoio ao diálogo Sul-Sul", continuou o presidente. O presidente
fez um convite para que os chefes
de Estado presentes participem
do encontro de líderes mundiais
sobre o combate à fome e à pobreza no dia 20 de setembro, em Nova York.
A entrada em vigor do Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa, disse o presidente, irá tornar
mais "ágil e franco" o diálogo entre os países da comunidade. O
acordo é um dos pontos a ser oficializado após o encontro.
No começo da noite, Lula visitou a Bienal de Cultura da cidade
e assistiu à uma apresentação de
grupos folclóricos. Ele embarca
na tarde de hoje para o Gabão. No
dia seguinte, vai a Cabo Verde.
Colaborou a Sucursal do Rio
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