São Paulo, terça-feira, 27 de julho de 2004

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ALTA ESPIONAGEM

Presidente do TJ do Rio afirma que processará empresa caso fique comprovada investigação que acusa desembargadores de fraude

Tribunal vê "sandice" em relatório da Kroll

ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Miguel Pachá, afirmou ontem que processará criminalmente a Kroll, caso seja comprovado que a empresa elaborou relatório em que acusa supostos favorecimentos na distribuição de recursos judiciais no tribunal. "Se houver espionagem, vou pedir uma investigação do Ministério Público Estadual e uma ação penal contra a empresa", declarou Miguel Pachá.
O desembargador aguarda o envio pelo Ministério da Justiça de uma cópia do relatório da multinacional sobre a investigação. "As afirmações são de uma sandice a toda prova. Não têm fundamento", disse. Na sua avaliação, o relatório mostra "mentiras", cuja divulgação serve para "desviar o foco das investigações".
Além de citar um esquema de fraudes no processo de distribuição de recursos judiciais envolvendo litígios de grandes empresas, a Kroll diz haver falhas na segurança do sistema de computadores do tribunal. O sistema permitiria a manipulação na distribuição dos recursos do TJ-RJ.
Pachá nega problemas na segurança do sistema de informática. Mas o primeiro vice-presidente do TJ-RJ, João Carlos Pestana de Aguiar, havia admitido na semana passada a ocorrência de problemas no sistema.
"Não existe nenhum sistema de computadores que seja inexpugnável. Nosso sistema é monitorado sempre. Tenho certeza de que o problema que ocorreu na distribuição foi causado por pessoas que trabalhavam na 1ª vice-presidência", disse Pachá.
Uma comissão interna do tribunal concluiu neste ano uma sindicância no sistema eletrônico. Quatro funcionários da área de distribuição, todos da primeira vice-presidência, foram afastados. Eles estão sob investigação do Ministério Público Estadual do Rio, mas até agora nenhuma denúncia foi formalizada.
Sete desembargadores chegaram a ser ouvidos por uma comissão interna do TJ-RJ, mas nenhum deles foi considerado envolvido no esquema. Segundo Pachá, os sete desembargadores terão que dar explicações formais, a partir da semana que vem, na volta do tribunal do recesso.
"É irreal a acusação de que o TJ esteja escamoteando a verdade. Eles pretendem criar um bode expiatório e jogar a culpa em outras pessoas", disse Pachá.
Aguiar afirmou que a Kroll agiu de má-fé ao acusá-lo de manter negócios não-especificados em sociedade com seu ex-chefe de gabinete Luiz Carlos de Azevedo Martins, afastado sob a acusação de liderar o esquema de fraude na distribuição de processos.
O desembargador afirma que sua relação com seu ex-chefe de gabinete é "apenas social". "Conheço-o há muito tempo, porque foi procurador do Estado. Mas nunca houve associação comercial ou de investimento." Aguiar também estuda processar a Kroll.


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