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ALTA ESPIONAGEM
Presidente do TJ do Rio afirma que processará empresa caso fique comprovada investigação que acusa desembargadores de fraude
Tribunal vê "sandice" em relatório da Kroll
ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do Tribunal de
Justiça do Rio, desembargador
Miguel Pachá, afirmou ontem que
processará criminalmente a Kroll,
caso seja comprovado que a empresa elaborou relatório em que
acusa supostos favorecimentos na
distribuição de recursos judiciais
no tribunal. "Se houver espionagem, vou pedir uma investigação
do Ministério Público Estadual e
uma ação penal contra a empresa", declarou Miguel Pachá.
O desembargador aguarda o
envio pelo Ministério da Justiça
de uma cópia do relatório da multinacional sobre a investigação.
"As afirmações são de uma sandice a toda prova. Não têm fundamento", disse. Na sua avaliação, o
relatório mostra "mentiras", cuja
divulgação serve para "desviar o
foco das investigações".
Além de citar um esquema de
fraudes no processo de distribuição de recursos judiciais envolvendo litígios de grandes empresas, a Kroll diz haver falhas na segurança do sistema de computadores do tribunal. O sistema permitiria a manipulação na distribuição dos recursos do TJ-RJ.
Pachá nega problemas na segurança do sistema de informática.
Mas o primeiro vice-presidente
do TJ-RJ, João Carlos Pestana de
Aguiar, havia admitido na semana passada a ocorrência de problemas no sistema.
"Não existe nenhum sistema de
computadores que seja inexpugnável. Nosso sistema é monitorado sempre. Tenho certeza de que
o problema que ocorreu na distribuição foi causado por pessoas
que trabalhavam na 1ª vice-presidência", disse Pachá.
Uma comissão interna do tribunal concluiu neste ano uma sindicância no sistema eletrônico.
Quatro funcionários da área de
distribuição, todos da primeira
vice-presidência, foram afastados. Eles estão sob investigação
do Ministério Público Estadual do
Rio, mas até agora nenhuma denúncia foi formalizada.
Sete desembargadores chegaram a ser ouvidos por uma comissão interna do TJ-RJ, mas nenhum deles foi considerado envolvido no esquema. Segundo Pachá, os sete desembargadores terão que dar explicações formais, a
partir da semana que vem, na volta do tribunal do recesso.
"É irreal a acusação de que o TJ
esteja escamoteando a verdade.
Eles pretendem criar um bode expiatório e jogar a culpa em outras
pessoas", disse Pachá.
Aguiar afirmou que a Kroll agiu
de má-fé ao acusá-lo de manter
negócios não-especificados em
sociedade com seu ex-chefe de gabinete Luiz Carlos de Azevedo
Martins, afastado sob a acusação
de liderar o esquema de fraude na
distribuição de processos.
O desembargador afirma que
sua relação com seu ex-chefe de
gabinete é "apenas social". "Conheço-o há muito tempo, porque
foi procurador do Estado. Mas
nunca houve associação comercial ou de investimento." Aguiar
também estuda processar a Kroll.
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