São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS

Assessores de outros três deputados foram ao banco, em Brasília, em dias de saques efetuados por funcionária de Marcos Valério

Assessora de Eunício foi 53 vezes ao Rural

ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA


Assessores dos deputados Eunício Oliveira (PMDB-CE), ex-ministro das Comunicações, e Luiz Piauhylino (PDT-PE), ex-corregedor da Câmara, e de outros dois parlamentares estiveram no Banco Rural em Brasília em dias em que Simone Reis Lobo de Vasconcelos, funcionária do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, sacou grandes quantias na mesma agência.
Os outros deputados - cujos assessores estiveram no banco no mesmo horário ou depois da saída de Simone- se elegeram pela Igreja Universal: Wanderval Santos (PL-SP) e João Mendes de Jesus (sem partido, ex-PSL).
Os nomes desses assessores e parlamentares não estiveram até agora na lista de sacadores do Rural, instituição pela qual Valério é suspeito de operar o "mensalão".
Todos os ouvidos ontem pela Folha negaram envolvimento com o suposto pagamento a parlamentares para votar com o governo.
À Polícia Federal, Simone disse que sacava o dinheiro e repassava os valores a "estranhos" que chegavam à agência. Ela fazia outros saques, mas colocava na documentação o nome do beneficiário, que retirava o dinheiro depois, segundo a CPI dos Correios.
Cruzamentos entre os registros de entrada no banco e dos saques de Simone na agência revelam que Claudia Luiza de Morais, então assessora de Eunício Oliveira, esteve no Rural no dia 17 de dezembro de 2003. Oliveira era na época líder do PMDB na Câmara; ele assumiu o ministério das Comunicações no mês seguinte; deixou o cargo e voltou à Câmara no começo deste mês.
Naquele dia, Simone esteve no Rural entre as 11h21 e as 11h29. Segundo dados obtidos pela CPI, ela foi responsável por saques que tinham como beneficiários o deputado Carlos Rodrigues (R$ 150 mil), do PL, também ligado à Igreja Universal, o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas (R$ 100 mil) e Roberto Costa Pinho (R$ 100 mil), na época assessor do ministro da Cultura, Gilberto Gil.
Documentos apreendidos pela PF no Banco Rural em Belo Horizonte trazem uma lista, ainda não revelada, com um número bem maior de sacadores.
Claudia foi 20 vezes ao Rural em 2003 e mais 33 vezes no ano seguinte. No dia 17 de dezembro de 2003, ela chegou à agência às 12h46. No mesmo dia, também há registros da entrada de Airon Hamilton Vasconcelos, ex-assessor de Piauhylino.
Na época, o deputado pertencia ao PTB. Vasconcelos chegou à agência 15 minutos depois da saída de Simone. Ele esteve no Rural 24 vezes em 2003 e mais 38 vezes em 2004, segundo os registros do shopping onde fica a agência.
No mesmo dia 17, às 12h40, Celio Marcos Siqueira, assessor do deputado Wanderval Santos (PL-SP), entrou na agência.
Em outra data -26 de novembro de 2003- , está registrada a entrada no Rural de Regis Moraes Galheno, assessor do deputado João Mendes de Jesus, que na época pertencia ao PSL. Quando Galheno chegou, Simone já estava na agência. Naquele dia, há quatros saques registrados no nome da funcionária de Valério. Não há informações sobre os beneficiados do dinheiro. (GILMAR PENTEADO, RANIER BRAGON, HUDSON CORRÊA)

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