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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS
Assessores de outros três deputados foram ao banco, em Brasília, em dias de saques efetuados por funcionária de Marcos Valério
Assessora de Eunício foi 53 vezes ao Rural
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Assessores dos deputados Eunício Oliveira (PMDB-CE), ex-ministro das Comunicações, e
Luiz Piauhylino (PDT-PE), ex-corregedor da Câmara, e de outros dois parlamentares estiveram
no Banco Rural em Brasília em
dias em que Simone Reis Lobo de
Vasconcelos, funcionária do empresário mineiro Marcos Valério
Fernandes de Souza, sacou grandes quantias na mesma agência.
Os outros deputados - cujos
assessores estiveram no banco no
mesmo horário ou depois da saída de Simone- se elegeram pela
Igreja Universal: Wanderval Santos (PL-SP) e João Mendes de Jesus (sem partido, ex-PSL).
Os nomes desses assessores e
parlamentares não estiveram até
agora na lista de sacadores do Rural, instituição pela qual Valério é
suspeito de operar o "mensalão".
Todos os ouvidos ontem pela
Folha negaram envolvimento
com o suposto pagamento a parlamentares para votar com o governo.
À Polícia Federal, Simone disse
que sacava o dinheiro e repassava
os valores a "estranhos" que chegavam à agência. Ela fazia outros
saques, mas colocava na documentação o nome do beneficiário,
que retirava o dinheiro depois, segundo a CPI dos Correios.
Cruzamentos entre os registros
de entrada no banco e dos saques
de Simone na agência revelam
que Claudia Luiza de Morais, então assessora de Eunício Oliveira,
esteve no Rural no dia 17 de dezembro de 2003. Oliveira era na
época líder do PMDB na Câmara;
ele assumiu o ministério das Comunicações no mês seguinte; deixou o cargo e voltou à Câmara no
começo deste mês.
Naquele dia, Simone esteve no
Rural entre as 11h21 e as 11h29. Segundo dados obtidos pela CPI, ela
foi responsável por saques que tinham como beneficiários o deputado Carlos Rodrigues (R$ 150
mil), do PL, também ligado à Igreja Universal, o ex-tesoureiro do
PL Jacinto Lamas (R$ 100 mil) e
Roberto Costa Pinho (R$ 100 mil),
na época assessor do ministro da
Cultura, Gilberto Gil.
Documentos apreendidos pela
PF no Banco Rural em Belo Horizonte trazem uma lista, ainda não
revelada, com um número bem
maior de sacadores.
Claudia foi 20 vezes ao Rural em
2003 e mais 33 vezes no ano seguinte. No dia 17 de dezembro de
2003, ela chegou à agência às
12h46. No mesmo dia, também há
registros da entrada de Airon Hamilton Vasconcelos, ex-assessor
de Piauhylino.
Na época, o deputado pertencia
ao PTB. Vasconcelos chegou à
agência 15 minutos depois da saída de Simone. Ele esteve no Rural
24 vezes em 2003 e mais 38 vezes
em 2004, segundo os registros do
shopping onde fica a agência.
No mesmo dia 17, às 12h40, Celio Marcos Siqueira, assessor do
deputado Wanderval Santos (PL-SP), entrou na agência.
Em outra data -26 de novembro de 2003- , está registrada a
entrada no Rural de Regis Moraes
Galheno, assessor do deputado
João Mendes de Jesus, que na
época pertencia ao PSL. Quando
Galheno chegou, Simone já estava
na agência. Naquele dia, há quatros saques registrados no nome
da funcionária de Valério. Não há
informações sobre os beneficiados do dinheiro.
(GILMAR PENTEADO, RANIER BRAGON, HUDSON CORRÊA)
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