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Planam fez negócios de R$ 79 mi com Saúde
Empresa respondeu por 29% dos convênios firmados pelo ministério para a aquisição de ambulâncias entre 2000 e 2004
PSDB lidera lista de prefeitos
suspeitos de participar de fraudes divulgada por CGU, que atacou "vazamento seletivo" contra o governo
LEONARDO SOUZA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Controladoria Geral da
União divulgou ontem que a
Planam ganhou licitações em
891 convênios de um total de
3.048 firmados pelos municípios com o Ministério da Saúde
para a aquisição de ambulâncias, ou cerca de 29%, no período de 2000 a 2004.
A Planam é a principal empresa beneficiária do esquema
de vendas superfaturadas de
ambulâncias. Os 3.048 convênios que a CGU analisou até
agora somam R$ 218,5 milhões.
Os vencidos pela Planam somaram um total de R$ 79 milhões,
e a CGU vê "fortes indícios de
irregularidades" neles.
A CGU divulgou também a
relação dos deputados "campeões" em emendas que beneficiaram a quadrilha dos sanguessugas entre 2000 e 2004.
Foi informado ainda o número
de prefeituras, por partido,
com "fortíssimos indícios de
fraude" nas licitações para a
compra de ambulâncias.
De acordo com o trabalho da
CGU, o partido com maior número de prefeituras que realizaram licitações com indícios
de fraude é o PSDB, com 128
municípios. Em segundo lugar,
aparece o também oposicionista PFL, com 107. O PT vem em
nono, com 19 cidades.
O ministro Jorge Hage confirmou que já encaminhou ao
presidente da CPI dos Sanguessugas relação com 14 novos nomes de deputados e ex-congressistas que apresentaram
emendas para a compra de ambulâncias em concorrências
vencidas pela quadrilha.
Até agora, a CPI já listou a
participação de 116 parlamentares e ex-parlamentares no esquema de venda de ambulâncias superfaturadas.
Na relação dos maiores autores de emendas, em primeiro
lugar está o ex-deputado pelo
PTB Renildo Leal (BA), com 25
concorrências vencidas pela
quadrilha. Em segundo e terceiro lugares, estão os deputados João Caldas (PL-AL), com
23, e Nilton Capixaba (PTB-RO), com 22 ambulâncias.
Acusado pelo empresário
Luiz Antonio Vedoin, um dos
dono da Planam, de ter recebido mensalmente propina do esquema, o deputado Cabo Júlio
(PMDB-MG) beneficiou a Planam com emendas para venda
de 21 ambulâncias.
Foram listados 33 deputados
e ex-congressistas que propuseram emendas para a compra
de seis ou mais ambulâncias.
Vazamento seletivo
Hage participou de entrevista na sede da CGU ao lado do
ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e o diretor-geral
da PF, Paulo Lacerda. O ministro da controladoria criticou a
oposição pelo que considera
"vazamento seletivo" de informações com o objetivo de atingir o governo.
"Por que o governo que estourou e investigou o esquema
tem de ser posto na condição de
réu? Nós entendemos que é um
dever de transparência", disse
ele, ao ser questionado se a divulgação dos dados não tinha
por objetivo atacar o governo
Fernando Henrique Cardoso.
"Não se trata de jogar os sanguessugas no colo do governo
passado, mas de repelir o escamoteamento da verdade. A fonte da CGU não é A ou B nem
quem está interessado em delação premiada. São dados objetivos. Desafio a qualquer um refutá-los", afirmou.
O ministro da Justiça lembrou que a Operação Sanguessuga foi realizada pela PF a partir de um trabalho da CGU iniciado no atual governo.
Apesar da divulgação dos dados, tanto Hage quanto Thomaz Bastos ressaltaram que as
informações levantadas até
agora não permitem que os investigados sejam declarados
culpados. "Essa é uma função
da Justiça", disse Hage.
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