São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

O sombra

A menção feita por Lula, em reunião com ministros das pastas sociais, à conveniência de escolher um "coordenador" dos programas do governo nessa área foi interpretada pelos presentes como oportunidade para o surgimento de um nome que eventualmente dispute com Dilma Rousseff, "coordenadora" do PAC, a vaga do PT na sucessão de 2010. Não por acaso, Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) é o mais lembrado para ocupar a nova função, mas há outras opções, como Fernando Haddad (Educação).
A idéia do "coordenador" foi lançada na mesma semana em que o presidente recomendou à ministra da Casa Civil manter-se longe dos palanques neste ano.

À margem. Se levada a termo, a orientação de Lula, em tese destinada a "proteger" Dilma, vai retirar da ministra, cristã nova no PT, uma oportunidade de ouro para aplainar terreno dentro do partido com vistas a 2010.

Cheguei. O tabuleiro de opções petistas para 2010 ganhará uma peça desestabilizadora se Marta Suplicy vencer a eleição em São Paulo.
Gostem ou não os palacianos, ela estará nesse jogo.

Mosquito 1. Na reunião de Lula com os ministros da área social, José Temporão traçou quadro para lá de preocupante sobre a dengue no próximo verão, apontando meia dúzia de Estados onde a doença, segundo ele, atacará com força.

Mosquito 2. Diante do prognóstico do ministro da Saúde, o presidente foi direto ao ponto: "E o que você pretende fazer a respeito?".

Mãe Dinah. Em outubro do ano passado, Temporão anunciou que o principal temor do ministério era a chegada ao país, em 2008, do vírus da dengue tipo 4. "É só questão de quando", afirmou à época. Até hoje, nada.

A palavra é... Um experiente profissional de pesquisas qualitativas identificou um termo que tem aparecido em rigorosamente todos os grupos sob sua supervisão: "carestia". Ele se pergunta por que diabos não existe um único político da oposição que toque nesse assunto.

Sem ambiente. Imerso num curso de especialização na academia da PF, o delegado Protógenes Queiroz, até recentemente responsável pelo caso Daniel Dantas, queixa-se de isolamento. Contrariando a praxe, ninguém da cúpula da corporação compareceu à aula inaugural.

Intensivão. A dedicação integral às aulas na PF deverá ser o argumento de Protógenes para adiar seu depoimento à CPI dos Grampos, marcado para a semana que vem.

Elle mesmo. Em incansável campanha pela readmissão, servidores dispensados no governo Collor conseguiram um documento peculiar para enviar ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo: uma carta em apoio à causa assinada pelo hoje senador Fernando Collor (PTB-AL).

Opep 1. Governadores dos Estados produtores de petróleo organizam reunião para reagir ao que chamam de "processo hostil", encabeçado pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), contra a política de pagamento de royalties.

Opep 2. "A realidade do petróleo mudou radicalmente no Brasil com as descobertas do pré-sal, e, no mundo, com a disparada do preço. Essa discussão não pode ser vulgarizada, como se fosse só sobre divisão dos royalties", protesta Marcelo Déda (PT-SE).

Em tempo. Os Estados onde há prospecção também se alinham contra Mercadante no debate sobre a regulamentação da distribuição de gás, em curso na CAE do Senado. Apoiam a proposta de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), pró-monopólio das empresas estaduais na distribuição.


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Tão ou mais grave do que um ministro vir a público admitir que perdeu o controle dos grampos é outro alertar os membros do governo para que não falem ao telefone." Do presidente do DEM, RODRIGO MAIA, sobre as declarações de Tarso Genro (Justiça) e José Múcio (Relações Institucionais) reconhecendo a prática generalizada em muitos casos ilegal de escutas.


Contraponto

Primeiros socorros

No final dos anos 80, o então deputado federal pelo PMDB Geraldo Alckmin fez uma visita a Curitiba, onde foi recepcionado pelo colega de bancada Maurício Fruet, que havia sido prefeito da capital paranaense.
A dupla deixou o aeroporto no carro de Fruet, dirigido pelo próprio. No trajeto até o evento do qual participariam, ele resolveu contar a Alckmin, médico de formação, que sofria de transtorno bipolar. E usou uma metáfora:
-Tem horas que é para lá, outras para cá...
Como o carro se aproximava de uma bifurcação, Alckmin achou melhor não perder tempo:
-Se você estiver em dúvida, posso assumir o volante!


Próximo Texto: Kassab usa prefeitura para tentar influir no Datafolha
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.