São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Agi de forma franca e transparente, diz prefeito

DO PAINEL DA REPORTAGEM LOCAL

Gilberto Kassab afirma que "de maneira nenhuma" agiu com o propósito de inflar seu desempenho na pesquisa Datafolha. "Se eu quisesse fazer isso", argumenta o prefeito, "não teria me portado de maneira tão franca e transparente".
Ele conta que já havia dado instrução semelhante aos subprefeitos antes do Datafolha anterior, "mas por telefone, de maneira menos organizada". E avisa que daqui para a frente pretende repetir o procedimento com todas as pesquisas registradas na Justiça Eleitoral.
"Ninguém sério acredita que pode influir nos resultados do Datafolha", diz Kassab. "Mas o inverso é verdade: pode-se evitar interferência indevida. Os funcionários da prefeitura estão orientados a provocar o flagrante policial se isso ocorrer."
Coordenador da campanha de Marta Suplicy, o deputado federal Carlos Zaratini (PT-SP) diz considerar "lamentável a utilização da máquina pública para influenciar as eleições". Sobre a acusação de que simpatizantes do partido promoveriam distúrbios sob medida para prejudicar Kassab nas pesquisas, ele diz que "é um argumento furado, pois o PT não dispõe de informação prévia sobre onde é feito o campo".
Subprefeitos ouvidos ontem confirmam ter sido "alertados" por Kassab sobre a realização da pesquisa e as supostas "ações do PT", mas dizem nada ter feito a esse respeito.
"Eu não recebi o e-mail porque o meu [endereço eletrônico] estava desativado, mas a gente foi orientado para não deixar o PT tumultuar", afirmou Beto Mendes, subprefeito de Cidade Ademar.
Antes de Kassab reconhecer a autoria da mensagem aos subprefeitos, Eduardo Odlak, da Moóca, havia dito que não se recordava se recebera ou não o e-mail. Em seguida, começou a rir e não parou mais. "Eu só abri os e-mails da prefeitura. Isso deve estar no pessoal, é isso?". Mais tarde, informado do que Kassab havia dito, reconheceu que sabia da "orientação".
"Eu não me lembro se recebi e-mail, mas todo mundo estava comentando, talvez eu já tivesse ciência disso. Mas não é possível fazer nada para interferir em pesquisas", diz Luiza Nagib Eluf, da Lapa.
Clóvis Luiz Chaves, de São Mateus, também confirmou as "orientações", mas disse que tudo "transcorreu normalmente". "Caso contrário, eu chamaria a polícia". (RLP E JAB)


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