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Lula vai convidar Carlos Alberto Direito para o STF
De perfil conservador, magistrado conta com lobby do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de três integrantes do STF e da Igreja Católica
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidará entre hoje
e amanhã o ministro do STJ
(Superior Tribunal de Justiça)
Carlos Alberto Menezes Direito para uma vaga no STF
(Supremo Tribunal Federal).
A indicação não foi formalizada
porque Lula não o conhece pessoalmente. De perfil conservador e técnico, Direito arregimentou forte apoio político
para preencher a vaga aberta
com a aposentadoria de Sepúlveda Pertence.
Fazem lobby por Direito o
ministro da Defesa, Nelson Jobim, três integrantes do STF
(Gilmar Mendes, Eros Grau e
Cezar Peluso) e a Igreja Católica. Segundo a Folha apurou, é
mais provável que Lula e Direito se reúnam amanhã.
Há pressa na indicação porque Direito precisa ser sabatinado pelo Senado até o dia 6 de
setembro. No dia 7, será feriado. No dia 8, Direito completará 65 anos; a idade-limite para
ingresso no Supremo é de 64.
A cúpula do governo avalia
que, apesar do cronograma
apertado, dá para confirmar
Direito até o dia 6. Padrinhos
políticos de Direito, como Nelson Jobim e Gilmar Mendes,
têm bons contatos na oposição.
Bispos da Igreja Católica, sobretudo da ala conservadora,
têm telefonado para o gabinete
de Lula para defende Direito.
Ele também tem boas relações
políticas com o DEM, o que
ajudaria a viabilizar rapidamente sua indicação.
Autocritica
A opção por Direito reflete
uma autocrítica de Lula a respeito das seis indicações para o
STF que fez em seus cinco anos
de governo. Nas palavras de um
auxiliar, Lula precisaria equilibrar o tribunal com uma indicação mais formalista para
compensar nomeações de
maior preocupação com aspectos sociais e políticos. Além disso, Direito também se importaria pouco com a pressão da opinião pública e com reportagens
de imprensa.
Lula indicará, portanto, um
conservador depois de ter nomeado o primeiro negro para o
Supremo, Joaquim Barbosa, e a
segunda mulher, Cármen Lúcia
Antunes Rocha. Carlos Ayres
Britto tem ligações com o PT.
Ricardo Lewandowsky é amigo
do casal Lula da Silva. Dos seis
indicados por Lula, Eros Grau e
Cezar Peluso são considerados
de perfil mais técnico.
Ex-presidente do STF, Jobim interveio fortemente nos
bastidores nos últimos dias para manter a indicação de Direito. Sua indicação ficou ameaçada após o jornal "O Globo" revelar troca de mensagens entre
dois ministros do Supremo ao
longo da decisão sobre a denúncia do mensalão, levantando a hipótese de manobra política para escolha do ocupante da vaga de Sepúlveda Pertence.
Na quarta, Cármen Lúcia e
Lewandowsky escreveram em
e-mails em que faziam alusão a
suposta troca de favores: Grau
votaria contra denúncia do
mensalão para que Direito fosse nomeado. Grau negou e disse
atuar de forma independente.
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