São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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Lula vai convidar Carlos Alberto Direito para o STF

De perfil conservador, magistrado conta com lobby do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de três integrantes do STF e da Igreja Católica

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidará entre hoje e amanhã o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Carlos Alberto Menezes Direito para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). A indicação não foi formalizada porque Lula não o conhece pessoalmente. De perfil conservador e técnico, Direito arregimentou forte apoio político para preencher a vaga aberta com a aposentadoria de Sepúlveda Pertence.
Fazem lobby por Direito o ministro da Defesa, Nelson Jobim, três integrantes do STF (Gilmar Mendes, Eros Grau e Cezar Peluso) e a Igreja Católica. Segundo a Folha apurou, é mais provável que Lula e Direito se reúnam amanhã.
Há pressa na indicação porque Direito precisa ser sabatinado pelo Senado até o dia 6 de setembro. No dia 7, será feriado. No dia 8, Direito completará 65 anos; a idade-limite para ingresso no Supremo é de 64.
A cúpula do governo avalia que, apesar do cronograma apertado, dá para confirmar Direito até o dia 6. Padrinhos políticos de Direito, como Nelson Jobim e Gilmar Mendes, têm bons contatos na oposição. Bispos da Igreja Católica, sobretudo da ala conservadora, têm telefonado para o gabinete de Lula para defende Direito. Ele também tem boas relações políticas com o DEM, o que ajudaria a viabilizar rapidamente sua indicação.

Autocritica
A opção por Direito reflete uma autocrítica de Lula a respeito das seis indicações para o STF que fez em seus cinco anos de governo. Nas palavras de um auxiliar, Lula precisaria equilibrar o tribunal com uma indicação mais formalista para compensar nomeações de maior preocupação com aspectos sociais e políticos. Além disso, Direito também se importaria pouco com a pressão da opinião pública e com reportagens de imprensa.
Lula indicará, portanto, um conservador depois de ter nomeado o primeiro negro para o Supremo, Joaquim Barbosa, e a segunda mulher, Cármen Lúcia Antunes Rocha. Carlos Ayres Britto tem ligações com o PT. Ricardo Lewandowsky é amigo do casal Lula da Silva. Dos seis indicados por Lula, Eros Grau e Cezar Peluso são considerados de perfil mais técnico.
Ex-presidente do STF, Jobim interveio fortemente nos bastidores nos últimos dias para manter a indicação de Direito. Sua indicação ficou ameaçada após o jornal "O Globo" revelar troca de mensagens entre dois ministros do Supremo ao longo da decisão sobre a denúncia do mensalão, levantando a hipótese de manobra política para escolha do ocupante da vaga de Sepúlveda Pertence.
Na quarta, Cármen Lúcia e Lewandowsky escreveram em e-mails em que faziam alusão a suposta troca de favores: Grau votaria contra denúncia do mensalão para que Direito fosse nomeado. Grau negou e disse atuar de forma independente.


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