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Ligado à igreja, ministro deve julgar aborto
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cogitado para ocupar a vaga de Sepúlveda Pertence no
STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro do STJ
(Superior Tribunal de Justiça) Carlos Alberto Menezes
Direito é membro da União
dos Juristas Católicos do Rio
de Janeiro, entidade que faz
lobby contra interrupção da
gravidez em casos de anencefalia e uso de células-tronco de embriões humanos em
pesquisas -questões que serão julgadas pelo STF.
Em trabalho apresentado
em seminário sobre clonagem humana, intitulado "O
Mistério da Vida e a Descoberta do Código Genético",
Direito afirma que a utilização de células-tronco de embrião humano em pesquisa
significa a sua destruição e
conclui: "O embrião humano
é vida, titular de um existir
que começa com a sua concepção em um processo contínuo que só termina com a
morte". O seminário, realizado no STJ em 2001, foi promovido pelo Conselho da
Justiça Federal.
Tanto a utilização de células-tronco quanto a questão
da anencefalia, que são objeto de ações no STF, sofrem
oposição frontal da Igreja
Católica pelo mesmo motivo:
essas seriam duas hipóteses
de violação do direito à vida,
que começaria na concepção,
não no nascimento. Se for
nomeado ministro desse tribunal, Direito deverá participar dos dois julgamentos.
O tribunal terá de decidir a
constitucionalidade da Lei
de Biossegurança, que liberou o uso de células-tronco
em pesquisas científicas,
com fins terapêuticos. A lei
foi questionada em 2005 pelo então procurador-geral da
República, Claudio Fonteles.
Outra ação, movida pelo
advogado Luís Roberto Barroso em nome da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, tenta liberar
a interrupção da gravidez em
casos de anencefalia (ausência de um hemisfério cerebral ou de ambos).
Associação
O nome de Direito figura
entre os conselheiros da
União dos Juristas Católicos
do Rio, juntamente com o do
ex-ministro do STF Célio
Borja, segundo informa o seu
site (http://juristascatolicosrj.org).
A entidade se define como
"personalidade jurídica civil
e canônica". Seu objetivo é
"contribuir para a presença
da ética católica na ciência
jurídica, na atividade jurídica, legislativa e administrativa, em toda a vida pública e
profissional, ocupando-se
das questões e propostas de
soluções para o mundo contemporâneo, de acordo com
a fidelidade à tradição, ao
magistério e ao Evangelho
da Igreja Católica".
A Folha tentou ouvir Direito por meio da assessoria
de imprensa do STJ, mas ele
não foi localizado.
A atitude discreta e reservada é uma das qualidades
mais repetidas por pessoas
que trabalharam com o magistrado. Outro atributo é a
habilidade de construir a
carreira jurídica pela via política. Foi na presidência de
Ernesto Geisel que ele ingressou no mundo político.
O ano de 1988 marcou seu
retorno à carreira jurídica.
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