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ANÁLISE
Secretário busca equilíbrio difícil nas nomeações
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, busca um equilíbrio quase impossível nas nomeações de novos assessores.
Não pode deixar a impressão de
estar trazendo de volta servidores ligados às gestões anteriores -tucanas ou independentes demais. Não pode manter os
sindicalistas rebelados em seus
cargos. Para piorar, não pode
romper em definitivo com nenhum desses grupos sob pena
de não administrar a máquina.
A solução até agora tem sido
confirmar os assessores da era
Lina Vieira que não afrontaram
diretamente a hierarquia e ficaram fora dos manifestos. Ao
mesmo tempo, Cartaxo busca
nas gestões anteriores (Everardo Maciel e Jorge Rachid) técnicos que ocuparam cargos em
escalões mais baixos e podem
ser promovidos agora. É o caso
do novo superintendente no
Rio Grande do Sul, que trabalhou em Brasília como segundo
na área de fiscalização.
A grande questão é se esse
formato híbrido permitirá ao
novo secretário cumprir a principal missão recebida do ministro Guido Mantega: aumentar a
arrecadação. A avaliação feita
no governo é que a economia já
se recupera desde abril, mas a
arrecadação continua caindo.
O argumento de que as receitas
tendem a crescer acima do PIB
quando a economia se expande,
mas também sofrem mais nas
recessões, já não convence.
Mantega e, principalmente o
Palácio do Planalto, estão convencidos de que houve erros na
administração de Lina que precisam ser corrigidos agora.
Cartaxo terá respaldo para
mudar. Sempre, é claro, submetido à aprovação do secretário-executivo do Ministério da
Fazenda, Nelson Machado, que
se tornou a iminência parda da
Receita desde a saída do paloccista Rachid, em julho de 2008.
Há a crença de que as trocas
de comando serão feitas e de
que a máquina da arrecadação
voltará a funcionar. Mas, para
os críticos dos 11 meses de gestão de Lina Vieira, levará tempo para que isso aconteça.
E Cartaxo não terá muito
tempo. Entre os auxiliares do
ministro Mantega, há a expectativa de que a receita melhore
no máximo até setembro. Com
menos dinheiro em caixa e despesas em alta, o problema para
o governo não é só a guerra interna na Receita, mas o dinheiro que começa a encurtar.
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