São Paulo, quinta-feira, 27 de agosto de 2009

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ANÁLISE

Secretário busca equilíbrio difícil nas nomeações

LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, busca um equilíbrio quase impossível nas nomeações de novos assessores. Não pode deixar a impressão de estar trazendo de volta servidores ligados às gestões anteriores -tucanas ou independentes demais. Não pode manter os sindicalistas rebelados em seus cargos. Para piorar, não pode romper em definitivo com nenhum desses grupos sob pena de não administrar a máquina.
A solução até agora tem sido confirmar os assessores da era Lina Vieira que não afrontaram diretamente a hierarquia e ficaram fora dos manifestos. Ao mesmo tempo, Cartaxo busca nas gestões anteriores (Everardo Maciel e Jorge Rachid) técnicos que ocuparam cargos em escalões mais baixos e podem ser promovidos agora. É o caso do novo superintendente no Rio Grande do Sul, que trabalhou em Brasília como segundo na área de fiscalização.
A grande questão é se esse formato híbrido permitirá ao novo secretário cumprir a principal missão recebida do ministro Guido Mantega: aumentar a arrecadação. A avaliação feita no governo é que a economia já se recupera desde abril, mas a arrecadação continua caindo. O argumento de que as receitas tendem a crescer acima do PIB quando a economia se expande, mas também sofrem mais nas recessões, já não convence.
Mantega e, principalmente o Palácio do Planalto, estão convencidos de que houve erros na administração de Lina que precisam ser corrigidos agora.
Cartaxo terá respaldo para mudar. Sempre, é claro, submetido à aprovação do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, que se tornou a iminência parda da Receita desde a saída do paloccista Rachid, em julho de 2008.
Há a crença de que as trocas de comando serão feitas e de que a máquina da arrecadação voltará a funcionar. Mas, para os críticos dos 11 meses de gestão de Lina Vieira, levará tempo para que isso aconteça.
E Cartaxo não terá muito tempo. Entre os auxiliares do ministro Mantega, há a expectativa de que a receita melhore no máximo até setembro. Com menos dinheiro em caixa e despesas em alta, o problema para o governo não é só a guerra interna na Receita, mas o dinheiro que começa a encurtar.


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