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Petrobras amplia em 10 vezes patrocínios a entidades sindicais
Aumento expressivo aconteceu no início da gestão Lula; de 2002 para 2003, repasse salta de R$ 178 mil para R$ 2,4 mi
Dados estão em planilha enviada à CPI do Senado pela estatal, que afirma que ampliação de patrocínio foi geral e segue lucro maior
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Petrobras ampliou em pelo
menos dez vezes o número e o
valor dos patrocínios para projetos de sindicatos e centrais
que representam trabalhadores, entre 2000 e 2009.
Os aumentos mais expressivos coincidem com o início dos
mandatos do governo Lula, em
especial com a chegada de sindicalistas para ocupar importantes cargos na estatal.
Se comparados os números
de 2002 e 2003, os valores dos
patrocínios aumentaram mais
de dez vezes: pularam de R$ 178
mil para R$ 2,4 milhões segundo planilha enviada pela Petrobras à CPI do Senado.
Levantamento da Folha
contabilizou todos os repasses
para CUT (Central Única dos
Trabalhadores), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores, sindicatos patronais e de
trabalhadores de diferentes categorias e para a UNE (União
Nacional dos Estudantes) no
documento encaminhado pelo
presidente da Petrobras, Sérgio
Gabrielli, à comissão que investiga a Petrobras. Foram excluídos patrocínios para federações e confederações.
Por meio de nota, a Petrobras informou que o "número
de projetos patrocinados para
entidades de classe de trabalhadores e também patronais
cresceu na mesma proporção
do número de patrocínios em
geral. O aumento do investimento em patrocínios acompanha o aumento do faturamento
e do lucro líquido da empresa."
CUT, UNE e União Geral dos
Trabalhadores estão entre as
entidades que começaram a receber recursos da estatal a partir de 2003. "No governo anterior, nenhum dos nossos projetos foram patrocinados. Nossas
solicitações nem sequer tinham retorno", diz o presidente da CUT, Artur Henrique.
Nos dois mandatos de Lula, a
central conseguiu pelo menos
R$ 4,6 milhões para festivais,
encontros e aniversário da entidade. "Via muita coisa sendo
feita para entidades patronais e
nada para os trabalhadores.
Tem que perguntar à Petrobras
porque mudou", disse o presidente da CUT.
Em 2000, sindicatos de jornalistas, odontologistas e indústria química receberam
juntos R$ 15 mil em verbas de
patrocínio da estatal. Neste
ano, já foi repassado mais de
R$ 1 milhão às entidades.
Responsável por verba publicitária, patrocínios e distribuição de recursos para programas ambientais e sociais, a Comunicação Institucional da Petrobras abriga pelo menos sete
ex-sindicalistas.
O gerente de comunicação
estratégica da estatal, Wilson
Santarosa, ex-dirigente do sindicato dos Petroleiros de Campinas, já explicou as razões de
ex-sindicalistas estarem em
cargos-chaves. Segundo ele,
sindicalistas ocupam cargos
importantes por conhecerem
os setores de produção e ter facilidade com projeto social.
Santarosa foi convidado para
falar sobre os contratos firmados pela Petrobras na próxima
fase da CPI. Ainda não há data
para o depoimento, mas base e
oposição acreditam que será a
fase mais tensa da CPI. "Patrocínio é um assunto delicado",
disse o presidente da comissão,
senador João Pedro (PT-AM).
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