São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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"Fora FHC" divide oposição

CLÁUDIA TREVISAN
enviada especial a Brasília

FLÁVIA DE LEON
da Sucursal de Brasília

A palavra de ordem "Fora FHC" deu o tom dos discursos na manifestação de ontem, mas ficaram claras as divergências entre os partidos sobre os caminhos para atingir tal objetivo.
A postura mais radical foi a de Leonel Brizola (PDT), que defendeu a renúncia do presidente e do vice Marco Maciel e a convocação de eleições gerais.
Brizola explicitou as divergências logo no início do ato. Quando ele chegava ao palanque, os líderes de outros partidos se preparavam para ir ao Congresso entregar o abaixo-assinado em favor da instalação de CPI para investigar a privatização da Telebrás.
No momento em que o grupo deixava o palanque, o deputado Vivaldo Barbosa (PDT-RJ) chamou Brizola para acompanhá-los. O ex-governador foi definitivo na resposta: "Nós não vamos. Nós queremos a renúncia do presidente". No que foi obedecido pelos deputados de seu partido que estavam próximos, como Barbosa e José Batocchio (SP).
"Não tem por que ir ao presidente da Câmara (Michel Temer). Ele faz parte da mesma rosca que está levando o Brasil ao desastre", disse Brizola.
O presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), tentou minimizar as divergências entre os partidos do Fórum Nacional de Luta, responsável pela organização do ato de ontem. "O importante é manter a unidade do movimento e continuar com o nosso calendário de manifestações."
O PT defende a CPI da Telebrás e o posterior processo de impeachment, caso venha a ser comprovado que FHC agiu de forma irregular na privatização.
A posição do PT não coincidia nem mesmo com a de seu braço sindical, a CUT (Central Única dos Trabalhadores). Vicente Paulo da Silva, presidente da entidade, defendeu a antecipação de eleições gerais.
"Como o presidente mudou as regras do jogo para garantir sua reeleição, nós achamos que podemos mudá-las de novo para termos eleições", afirmou.
A mesma linha foi adotada pelo PC do B. "Começa aqui a grande mobilização para que possamos, democraticamente, trocar de governo com novas eleições."
Até mesmo o petista Luiz Inácio Lula da Silva contradisse a posição de seu partido durante discurso. "Só tenho uma discordância com o Brizola em relação à renúncia: renúncia é um gesto de grandeza e FHC não tem essa grandeza".
Mais moderada, a deputada Luiza Erundina (PSB) defendeu a instalação da CPI e eventual processo de impeachment.
Com ou sem impeachment, o certo é que todos pregaram mudanças na política econômica do governo, posição simbolizada pela palavra de ordem "Fora FMI". "Ou Fernando Henrique muda de modelo econômico ou o Brasil muda de governo. No voto ou nas ruas", resumiu Dirceu.


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