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"Fora FHC" divide oposição
CLÁUDIA TREVISAN
enviada especial a Brasília
FLÁVIA DE LEON
da Sucursal de Brasília
A palavra de ordem "Fora FHC"
deu o tom dos discursos na manifestação de ontem, mas ficaram
claras as divergências entre os
partidos sobre os caminhos para
atingir tal objetivo.
A postura mais radical foi a de
Leonel Brizola (PDT), que defendeu a renúncia do presidente e do
vice Marco Maciel e a convocação
de eleições gerais.
Brizola explicitou as divergências logo no início do ato. Quando
ele chegava ao palanque, os líderes de outros partidos se preparavam para ir ao Congresso entregar o abaixo-assinado em favor
da instalação de CPI para investigar a privatização da Telebrás.
No momento em que o grupo
deixava o palanque, o deputado
Vivaldo Barbosa (PDT-RJ) chamou Brizola para acompanhá-los. O ex-governador foi definitivo na resposta: "Nós não vamos.
Nós queremos a renúncia do presidente". No que foi obedecido
pelos deputados de seu partido
que estavam próximos, como
Barbosa e José Batocchio (SP).
"Não tem por que ir ao presidente da Câmara (Michel Temer).
Ele faz parte da mesma rosca que
está levando o Brasil ao desastre",
disse Brizola.
O presidente do PT, deputado
José Dirceu (SP), tentou minimizar as divergências entre os partidos do Fórum Nacional de Luta,
responsável pela organização do
ato de ontem. "O importante é
manter a unidade do movimento
e continuar com o nosso calendário de manifestações."
O PT defende a CPI da Telebrás
e o posterior processo de impeachment, caso venha a ser comprovado que FHC agiu de forma
irregular na privatização.
A posição do PT não coincidia
nem mesmo com a de seu braço
sindical, a CUT (Central Única
dos Trabalhadores). Vicente Paulo da Silva, presidente da entidade, defendeu a antecipação de
eleições gerais.
"Como o presidente mudou as
regras do jogo para garantir sua
reeleição, nós achamos que podemos mudá-las de novo para termos eleições", afirmou.
A mesma linha foi adotada pelo
PC do B. "Começa aqui a grande
mobilização para que possamos,
democraticamente, trocar de governo com novas eleições."
Até mesmo o petista Luiz Inácio
Lula da Silva contradisse a posição de seu partido durante discurso. "Só tenho uma discordância com o Brizola em relação à renúncia: renúncia é um gesto de
grandeza e FHC não tem essa
grandeza".
Mais moderada, a deputada
Luiza Erundina (PSB) defendeu a
instalação da CPI e eventual processo de impeachment.
Com ou sem impeachment, o
certo é que todos pregaram mudanças na política econômica do
governo, posição simbolizada pela palavra de ordem "Fora FMI".
"Ou Fernando Henrique muda de
modelo econômico ou o Brasil
muda de governo. No voto ou nas
ruas", resumiu Dirceu.
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