São Paulo, sábado, 27 de setembro de 1997.



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ELEIÇÕES
Ex-governador insiste numa alternativa à candidatura de Lula
Ciro filia-se ao PPS e faz apelo à frente de oposição

MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília


O ex-governador Ciro Gomes assinou ontem ficha de filiação no PPS e disse que está disposto a disputar a Presidência, caso consiga reunir outros apoios.
Com uma bancada de três parlamentares até ontem, o PPS só terá 29 segundos diários de propaganda na TV e avalia que não há a menor chance de sustentar sozinho uma candidatura ao Planalto.
Na cerimônia de filiação, Ciro fez um apelo aos partidos de centro e esquerda para que incluam o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE), nas conversas em busca de um candidato único.
"Se houver grandeza, sem dúvida, o ideal será uma articulação única de oposição para recrutar um candidato fora desses aí", defendeu o ex-governador, insistindo numa alternativa a Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT.
Sem condições de permanecer no PSDB depois das críticas que fez ao governo Fernando Henrique Cardoso, Ciro não pôde esperar pela formação de uma frente de centro-esquerda, como desejava.
Ciro decidiu-se pelo PPS ontem à tarde, diante das resistências que o PSB oferecia à sua filiação. "Entro como militante. Se o projeto (de poder) tiver ressonância, vou sair candidato. Se não tiver é porque não está na hora: acredito firmemente que estou nas mãos da opinião pública", resumiu.
Vice, Ciro não pretende ser nem na chapa de Itamar Franco, de quem foi ministro da Fazenda. "Se ele for candidato, eu não serei. No espectro de centro-esquerda, só cabe uma candidatura."
Sem festa
Recebido com aplausos pela Executiva do PPS, Ciro deixou de lado a leitura de um discurso que trouxera escrito para a ocasião. "Não é uma festa: há até uma ponta de tristeza e amargura", disse.
Sobre o PSDB, afirmou: "Não saio falando mal. É um grande partido, mas está rendido ao presidente, às suas deficiências, suas incoerências, seu fisiologismo."
No Senado, ele disse que não repudiaria as idéias do PSDB e culpou novamente o presidente. "O governo do presidente violentou esse programa. Contradiz a cada dia a prática, inclusive ética, do PSDB." Tampouco atacou o PSB, que chegou a convidá-lo e depois criou problemas à filiação.
"A proposta (de poder) não pode se fragilizar em complicadas negociações partidárias" -foi a maior queixa que fez sobre o partido. Reservadamente, ele gostou de o PSB não ter endossado, na véspera, a candidatura de Lula.
O alvo do discurso foi FHC. Chamou de conversa fiada a idéia de que a estabilidade econômica depende do presidente. "Podemos sim preservar a estabilidade e libertá-la desses remédios amargos, como o arrocho salarial, os juros altos, a supervalorização cambial e a abertura comercial escancarada, que expõem o país a colapsos", disse: "O Brasil hoje está de joelhos, mas ele vai se levantar".



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