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Senado rejeita secretaria de Mangabeira
Rebelião do PMDB leva plenário a barrar MP que criava Secretaria de Planejamento de Longo Prazo por 46 votos a 22
Movimento foi liderado por aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros, que acham que governo abandonou o peemedebista
SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma rebelião na bancada do
PMDB, capitaneada por aliados
do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), gerou ontem uma crise na base do
governo e derrubou a criação
da Secretaria de Planejamento
de Longo Prazo, chefiada por
Roberto Mangabeira Unger.
Além disso, o governo ainda
sofreu outra derrota na esteira
das votações do dia e não conseguiu aprovar um projeto que
tramitava em regime de urgência. A noite terminou com a
aprovação do fim das sessões
secretas para casos de cassação
de mandato, uma das reivindicações da oposição.
A medida provisória que determinava a nomeação de Mangabeira foi rejeitada pelo plenário do Senado por 46 votos a 22.
Outros 626 cargos em órgãos
públicos que também constavam do texto da MP também
foram extintos.
Antigo crítico do governo Lula, Mangabeira, que hoje deixa
de ser ministro, tomou posse
do cargo em 19 de junho. Sua
nomeação foi cercada de polêmica já que, em 2005, ele pediu
o impeachment do presidente
Lula. Ao ser nomeado, mudou o
tom e elogiou a "magnanimidade" do petista.
Dois ministros ouvidos pela
Folha afirmaram que o governo deverá recriar, como outro
nome, a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo. Não há,
a princípio, como resolver o
problema dos cargos. Está previsto para hoje reunião com
técnicos para tentar encontrar
uma solução para o problema.
O relatório que determinou a
rejeição da MP é de autoria do
senador Valter Pereira
(PMDB-MS), anfitrião de jantar com 12 dos 19 senadores do
PMDB anteontem. No encontro, os peemedebistas combinaram retaliação ao governo e
ao PT. Segundo senadores que
participaram do encontro, foram dois os motivos da rebelião: a não-liberação de cargos e
emendas, aos quais o PT estaria
sendo privilegiado, e retaliação
à ameaça de desembarque do
PT e do governo da defesa de
Renan. "Há insatisfação, mas é
bom que aconteça agora, antes
da CPMF", disse o líder do
PMDB, Valdir Raupp (RO).
Os renanzistas reclamaram
dos moldes do acordo feito pelo
líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), com a
oposição para destravar a pauta
da Casa. O grupo teme que ganhe força a idéia de aprovar a
emenda que acaba com o voto
secreto.
Dos 17 senadores do PMDB
que votaram (de um total de
19), 14 ficaram contra o governo. Nos bastidores, renanzistas
comemoraram o resultado da
votação e classificaram como
um "recado" ao governo e a petistas que se insurgiram contra
Renan nos últimos dias, como
Aloizio Mercadante (PT-SP) e
Tião Viana (PT-AC).
O próprio Renan chegou a
externar sua bronca com o governo ao sair em socorro do senador Osmar Dias (PDT-PR),
que criticava o Palácio do Planalto por ter copiado um projeto seu em forma de MP. "Essa
pirataria [de projetos], tal qual
a enxurrada de MPs não pode
mais acontecer", disse Renan.
Peemedebistas queixaram-se abertamente ter sido preteridos na partilha de cargos na
Petrobras pelo PT. No caso de
Pereira, ele pleiteia a direção da
Funai (Fundação Nacional do
Índio) em Mato Grosso do Sul.
Suplente, ele tenta construir
uma base estadual para concorrer na próxima eleição.
O parecer do relator aponta
que o impacto da nomeação dos
cargos contidos na MP para o
Orçamento seria de R$ 25,6 milhões. Para os próximos anos,
de R$ 43,9 milhões.
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