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Boxeadores cubanos estão abandonados, diz Itamaraty
Relatório afirma que atletas estão sem perspectivas de retomar as lutas profissionais
Texto enviado a comissão da Câmara relata que cubanos se queixam de recriminação por parte de colegas e de autoridades
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quase dois meses depois de
terem sido deportados pelo governo brasileiro, os boxeadores
cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara permanecem abandonados à própria
sorte em Havana, sem perspectivas de retomar as lutas profissionais e sem contato com antigos colegas da equipe de boxe.
É o que diz um relato de duas
folhas e meia de um documento reservado encaminhado pelo
ministro interino das Relações
Exteriores, Samuel Pinheiro
Guimarães, à Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
"[Rigondeaux] continua treinando por conta própria à espera de uma comunicação oficial das autoridades desportivas sobre seu futuro", assinala o
texto. O mesmo atleta também
se queixou que "muitos de seus
antigos companheiros daquela
equipe estariam evitando manter contato com ele" e "teria
voltado a se queixar do assédio
dos jornalistas estrangeiros".
A situação de Lara seria ainda mais complexa. Segundo o
documento, "por ser capitão da
equipe de boxe cubana" no Pan,
foi sobre ele que "recaiu maior
carga de recriminação por parte das autoridades cubanas".
O chefe interino do Itamaraty faz uma previsão, a seguir:
"Tudo parece indicar estar condenado ao esquecimento, sobretudo por não ter, até o momento, alcançado conquistas
esportivas comparáveis às de
seu companheiro."
De acordo com o documento
assinado por Guimarães, as informações foram obtidas pelo
embaixador brasileiro em Cuba, Bernardo Pericá.
A deportação de Rigondeaux,
que é campeão olímpico, e Lara
despertou interesse da imprensa mundial no mês passado.
Em menos de 48 horas, os
atletas foram detidos irregularmente pela Polícia Federal na
Região dos Lagos, no interior
do Rio, interrogados duas vezes
e embarcados em um jato executivo de prefixo venezuelano.
No final de agosto, o chanceler cubano Felipe Pérez Roque
confirmou que houve contato
entre Havana e Brasília para
"propiciar e organizar" a volta
dos pugilistas para a ilha de Fidel Castro. O governo brasileiro nega a ocorrência.
Para investigar o caso, a Comissão de Relações Exteriores
da Câmara aprovou a ida de
uma comitiva de deputados a
Havana para visitar os atletas.
O presidente da comissão, Vieira da Cunha (PDT-RS), solicitou informações ao Itamaraty,
para organizar a viagem. O ofício de Guimarães responde a
esse pedido de informações.
Segundo um jornalista ouvido pelo diplomata brasileiro, a
deserção dos atletas interrompeu discussões em curso em
Cuba de criar "pensões vitalícias" para ex-campeões olímpicos, "em valor substancialmente mais elevado do que a média
dos salários recebidos".
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