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Pará faz reintegração de posse mesmo sem mandado
Ministério Público vai apurar retirada de sem-terra de fazenda de ex-senador
Governo nega benefício a João Batista Motta, que disse ser vítima "bandidos"; segundo ex-congressista do PSDB fazenda não é grilada
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Sem mandado judicial, o governo do Pará mandou retirar,
há seis meses, um grupo de
sem-terra que invadiu a fazenda de um ex-senador na região
de Rondon do Pará.
A governadora Ana Júlia Carepa (PT) estava na época sob
forte pressão por deixar de
cumprir mandados de reintegração de posse deferidos em
favor de outros fazendeiros.
A propriedade é de João Batista Motta, que foi senador pelo PSDB do Espírito Santo entre 2002 e 2007 -quando Ana
Júlia também era senadora.
Suas terras foram invadidas
em 21 de março por trabalhadores rurais ligados à Fetraf
(Federação dos Trabalhadores
na Agricultura Familiar) e desocupadas em ação da PM dez
dias depois, segundo disse um
funcionário da fazenda à Vara
Agrária de Marabá (PA).
Pouco tempo depois, os sem-terra voltaram à fazenda, onde
estão até hoje. Eles dizem que
ao menos parte da terra é pública e deve ser desapropriada.
Diante da falta de ordem judicial, a juíza da Vara Agrária,
Cláudia Favacho Moura, pediu
em maio explicação ao secretário da Segurança Pública, Geraldo Araújo. Ele disse que havia denúncia de cárcere privado, ameaça contra os empregados, além de impedimento da
livre circulação, o que "justificava a ação policial pela existência de crime em flagrante".
Em um relatório de policiais
da Deca (Delegacia de Conflitos
Agrários) de Marabá que estiveram no local, não constam
atos violentos dos sem-terra.
Para a Promotoria, a desocupação deveria ter sido respaldada por decisão judicial.
O ex-senador disse ser vítima
de "sem-tora", "bandidos" interessados em desmatar e roubar
a madeira. Segundo ele, a fazenda tem documentação e não
é grilada. O governo negou
qualquer benefício a Motta.
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