São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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Coordenador do PT morreu após reunião tensa

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Houve um momento, quando se iniciava a campanha do segundo turno, em que o candidato petista ao governo gaúcho, Tarso Genro, parou tudo.
Foi entre a noite do dia 8 e a madrugada do dia 9. Tarso perdeu, vítima de infarto, o coordenador político da sua campanha e um de seus companheiros mais fiéis: o sociólogo José Eduardo Utzig, 42.
Entre os amigos de Tarso e Utzig o temor era o mesmo: o de Tarso afundar na depressão -o que, pelo menos publicamente, não ocorreu.
Desde antes do primeiro turno, Utzig afirmava dentro do comando da campanha que muita coisa teria de ser modificada. Para começar, a mira posta no ex-governador Antônio Britto (PPS) durante o primeiro turno impedira a equipe petista de enxergar o crescimento de Rigotto, por fora.
Utzig havia feito esse diagnóstico e também se responsabilizava pelo erro -haveria pouco tempo para "desconstruir" Rigotto. Poucas horas antes da sua morte, ele comandou uma tensa reunião do PT, com todas as principais correntes e diretórios.
Discutia-se a necessidade de Tarso mostrar que teria diferenças em relação ao governador Olívio Dutra, seu correligionário. Isso seria importante, acreditavam muitos militantes, para pular dos 37,3% dos votos válidos obtidos no primeiro turno para a maioria absoluta.
"Quero apaziguar e unir o partido", disse Utzig, em entrevista à Folha, ainda no encontro, antes de ir para sua casa -onde acabou morrendo.
Indagado sobre a resistência da corrente Democracia Socialista, próxima a Olívio Dutra, de aceitar a campanha com Tarso se apresentando diferente do atual governador, Utzig disse em entrevista que não se pronunciaria sobre o assunto.
Posteriormente, na campanha do segundo turno, Tarso se disse candidato a continuar o trabalho de Olívio, mas afirmou repetidamente que a sua eventual administração teria muitos contrastes com a atual.
Até hoje a atitude causa mal estar em setores do governo do Estado e do PT. E entre Tarso e Olívio, que tem restrições a ela.
Integrantes do grupo Rede, considerado moderado no PT, Tarso e Utzig militavam juntos desde os anos 80, quando integravam a dissidência do PC do B da qual fazia parte o candidato do PT ao governo de SP, José Genoino. Sem Utzig, a direção da campanha de Tarso Genro foi assumida por um conjunto de militantes. (LG e MM)


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