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INVESTIGAÇÃO
Ex-prefeito é acusado de lavagem de dinheiro de origem suspeita
Maluf deve depor na Justiça da Suíça
DA REPORTAGEM LOCAL
Acusado formalmente no Brasil
pelo crime evasão de divisas, Paulo Maluf (PP) deverá depor perante a Justiça da Suíça até o final
deste ano e terá de explicar a acusação de que recorreu a instituições financeiras daquele país para
lavar dinheiro de origem suspeita.
Pelas contas do Ministério Público de São Paulo, pelo menos
US$ 446,32 milhões circularam
pela Suíça em nome de Maluf ou
de seus familiares. A fortuna teria
sido abastecida com dinheiro desviado de obras públicas durante a
gestão de Maluf na Prefeitura de
São Paulo (1993-1996).
Advogados do ex-prefeito já informaram ao juiz de Genebra, Michel Graber, que Maluf tem interesse em comparecer à audiência.
O pedido do juiz é de que isso
ocorra até dezembro deste ano.
Na negociação, os advogados
ressaltaram que, diante da disposição do cliente, não é necessária a
emissão de um pedido internacional, o que poderia complicar a
situação de Maluf. A Justiça da
Suíça pune a lavagem de dinheiro
em seu território com até cinco
anos de detenção.
Se o ex-prefeito se negar a depor, a Suíça poderá encaminhar
ao Brasil um pedido de prisão internacional para que ele seja conduzido de forma coercitiva. Tal
pedido precisa ser aprovado pelo
Supremo Tribunal Federal.
O juiz Graber ainda não decidiu
se o convite é apenas para o ex-prefeito ou se será extensivo aos
familiares dele.
Flávio (filho), Lígia (filha), Jacqueline (nora) e Maurílio Curi
(genro) aparecerem como titulares ou beneficiários de contas na
Suíça. Sylvia, a mulher do ex-prefeito, e os outros dois filhos do casal, Otávio e Lina, são citados como herdeiros de valores depositados em nome dos Maluf.
Há mais de três anos, quando as
investigações começaram, Maluf
nega possuir contas bancárias fora do país. Disse que todos os seus
investimentos estão concentrados no Brasil e que, por ter concorrido a vários cargos públicos,
suas declarações de bens estão
disponíveis na Justiça Eleitoral.
Penal e cível
No Brasil, há duas frentes de trabalho que investigam a remessa
de dólares para o exterior, uma na
esfera criminal e outra na cível.
Na penal, Maluf e o filho Flávio
foram indiciados pela Polícia Federal sob a acusação de evasão de
divisas, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, sonegação e
peculato (apropriação de bem público). O ato de indiciar significa
que a PF acredita ter reunido indícios suficientes para o Ministério
Público entrar na Justiça.
O procurador Pedro Barbosa
Neto acusou formalmente Maluf
pelo crime de evasão de divisas. A
ação principal, que deverá incluir
os familiares, deverá ser proposta
até o final deste mês.
Na área cível, a ação contra Maluf e outros 36 acusados é por improbidade administrativa (má
gestão pública). A Promotoria pede a devolução dos US$ 446 milhões aos cofres públicos e o pagamento de uma multa equivalente
a três vezes o valor.
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