São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006

Tática de partido, que investe em imagem de vítima na crise, é acentuar disputa com PSDB

PT vai usar programa na TV para atacar governo de FHC

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu programa de TV nacional que vai ao ar hoje à noite, o primeiro após o início da crise política iniciada há cerca de cinco meses, o PT intensifica a polarização com o PSDB, linha adotada como estratégia nas últimas semanas, e faz muitas críticas ao governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Um dos motes do programa de 20 minutos é a comparação entre o desempenho de Luiz Inácio Lula da Silva e de FHC, sempre com a apresentação de números.
O escândalo do "mensalão" será mencionado, mas para dizer que o PT é vítima de uma investida política por parte da oposição e que não pode ser julgado por atos condenáveis de alguns de seus dirigentes. Medidas que estão sendo tomadas pelo partido receberão destaque. Serão comparados dados a respeito de inflação, geração de empregos, crescimento econômico, desempenho da balança comercial e investimentos em educação e no Bolsa-Família, programa de transferência de renda que deverá ser a vedete da campanha de reeleição de Lula.
"A linha do programa é que o governo Lula é um governo de sucesso, infinitamente melhor do que o anterior", afirma Gleber Naime, que é o novo coordenador do GTE (Grupo de Trabalho Eleitoral), responsável pela estratégia petista na eleição.
Segundo o membro da Executiva Nacional do partido, o PT quer discutir o que foi feito no país por Lula, já que a crise política "está chegando aos finalmentes".
O PSDB também vai apanhar em outros momentos: será acusado de transformar a crise numa antecipação eleitoral. "Vamos mostrar que os mesmos que hoje mostram indignação tiveram a chance de promover uma reforma política e não o fizeram quando estavam no governo", diz o secretário de Comunicação do PT, Humberto Costa, ex-ministro da Saúde. No entanto, não haverá referência direta à participação de tucanos no "valerioduto".
Aparecem na tela o novo presidente do partido, Ricardo Berzoini, e o ex-presidente Tarso Genro. Vão faturar a recente eleição direta entre os filiados para renovar a direção partidária, que levou 320 mil petistas às urnas neste mês, tentando mostrar que a crise política deflagrada no início de junho começa a ser superada.
Lula não aparece falando. "Decidimos poupar o presidente", diz Gleber. Porém imagens de arquivo dele no PT serão mostradas para ilustrar a história de 25 anos do partido. Também não estará no vídeo o ministro Antonio Palocci (Fazenda). "Queremos centrar o programa no PT e em sua história", diz Costa. Fundadores do partido darão depoimentos.
A ofensiva petista contra a oposição começou com a eleição de Aldo Rebelo (PC do B-SP) para presidente da Câmara dos Deputados, há exatamente um mês.
Os petistas enxergam um momento positivo, com denúncias de corrupção também atingindo o PSDB, para reagir e recuperar parte do terreno perdido nas pesquisas de opinião. O programa na TV integra essa estratégia.
É o primeiro programa do PT em quatro anos que não tem a participação do publicitário Duda Mendonça. Em depoimento à CPI dos Correios, ele falou sobre caixa dois no PT. A produtora Tempo, de Curitiba (PR), foi contratada por cerca de R$ 150 mil.


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