|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Tática de partido, que investe em imagem de vítima na crise, é acentuar disputa com PSDB
PT vai usar programa na TV para atacar governo de FHC
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu programa de TV nacional que vai ao ar hoje à noite, o
primeiro após o início da crise política iniciada há cerca de cinco
meses, o PT intensifica a polarização com o PSDB, linha adotada
como estratégia nas últimas semanas, e faz muitas críticas ao governo de Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002).
Um dos motes do programa de
20 minutos é a comparação entre
o desempenho de Luiz Inácio Lula da Silva e de FHC, sempre com
a apresentação de números.
O escândalo do "mensalão" será
mencionado, mas para dizer que
o PT é vítima de uma investida
política por parte da oposição e
que não pode ser julgado por atos
condenáveis de alguns de seus dirigentes. Medidas que estão sendo tomadas pelo partido receberão destaque. Serão comparados
dados a respeito de inflação, geração de empregos, crescimento
econômico, desempenho da balança comercial e investimentos
em educação e no Bolsa-Família,
programa de transferência de
renda que deverá ser a vedete da
campanha de reeleição de Lula.
"A linha do programa é que o
governo Lula é um governo de sucesso, infinitamente melhor do
que o anterior", afirma Gleber
Naime, que é o novo coordenador
do GTE (Grupo de Trabalho Eleitoral), responsável pela estratégia
petista na eleição.
Segundo o membro da Executiva Nacional do partido, o PT quer
discutir o que foi feito no país por
Lula, já que a crise política "está
chegando aos finalmentes".
O PSDB também vai apanhar
em outros momentos: será acusado de transformar a crise numa
antecipação eleitoral. "Vamos
mostrar que os mesmos que hoje
mostram indignação tiveram a
chance de promover uma reforma política e não o fizeram quando estavam no governo", diz o secretário de Comunicação do PT,
Humberto Costa, ex-ministro da
Saúde. No entanto, não haverá referência direta à participação de
tucanos no "valerioduto".
Aparecem na tela o novo presidente do partido, Ricardo Berzoini, e o ex-presidente Tarso Genro.
Vão faturar a recente eleição direta entre os filiados para renovar a
direção partidária, que levou 320
mil petistas às urnas neste mês,
tentando mostrar que a crise política deflagrada no início de junho
começa a ser superada.
Lula não aparece falando. "Decidimos poupar o presidente", diz
Gleber. Porém imagens de arquivo dele no PT serão mostradas para ilustrar a história de 25 anos do
partido. Também não estará no
vídeo o ministro Antonio Palocci
(Fazenda). "Queremos centrar o
programa no PT e em sua história", diz Costa. Fundadores do
partido darão depoimentos.
A ofensiva petista contra a oposição começou com a eleição de
Aldo Rebelo (PC do B-SP) para
presidente da Câmara dos Deputados, há exatamente um mês.
Os petistas enxergam um momento positivo, com denúncias
de corrupção também atingindo
o PSDB, para reagir e recuperar
parte do terreno perdido nas pesquisas de opinião. O programa na
TV integra essa estratégia.
É o primeiro programa do PT
em quatro anos que não tem a
participação do publicitário Duda
Mendonça. Em depoimento à CPI
dos Correios, ele falou sobre caixa
dois no PT. A produtora Tempo,
de Curitiba (PR), foi contratada
por cerca de R$ 150 mil.
Texto Anterior: Para Costa, apurar caixa 2 é "revanche" Próximo Texto: Frase Índice
|