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Cliente da Cisco venceu pregão que teria gerado "doação" ao PT
Polícia Federal vai investigar se esquema contava com braço na administração pública
Em contrato fechado no dia 11 deste mês, Damovo do Brasil se comprometeu a fornecer produtos da Cisco
à Caixa Econômica Federal
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A licitação promovida pela
Caixa Econômica Federal que
teria motivado a suposta "doação" de R$ 500 mil ao PT é o
pregão eletrônico 157/2006,
que teve como principal vencedora a Damovo do Brasil. A empresa comprometeu-se a fornecer produtos da Cisco ao banco.
Nos diálogos monitorados
pela Polícia Federal, como parte da investigação relacionada à
Operação Persona, os interlocutores sugerem que a suposta
doação ao partido poderia beneficiar a empresa, que ficou
com uma fatia de R$ 9,9 milhões da licitação para venda de
switchers e roteadores à Caixa.
As outras ganhadoras foram
a CPM (R$ 7,96 milhões) e a
Rede Sul (R$ 748,8 mil).
Segundo a Folha apurou, os
diálogos entre executivos da
Cisco e da distribuidora Mude,
apontada como a importadora
oculta da Cisco, com um suposto representante do PT começaram em julho deste ano. O
contrato da Caixa com a Damovo foi fechado dia 11 deste mês.
A Damovo é uma empresa
especializada em comunicação
tecnológica corporativa. Em
seu site, a empresa informa
atender mais de 26 mil organizações internacionais.
Investigação
Segundo a PF, que vai apurar
a licitação, este é o primeiro e
mais forte indício de que o esquema montado pela Cisco e
pela Mude poderia abranger os
clientes que comercializam os
produtos importados mediante
prática de fraude. Para a polícia, é possível que haja um braço do esquema instalado na administração pública.
A pedido da Folha, o site Conlicitação, um serviço de acompanhamento de licitações, detectou que o pregão eletrônico
157/2006 chegou a ficar parado
por conta de recursos de empresas concorrentes enviados à
Caixa. Os vencedores, inicialmente, eram Conecta e Telefônica. Superadas as pendências,
os trâmites do pregão foram retomados em 27 de março.
A informação sobre a "doação" de R$ 500 mil consta no
relatório da PF, que investigou
o caso por dois anos. A operação foi deflagrada há 11 dias,
com a prisão de 42 pessoas acusadas de formação de quadrilha, sonegação fiscal, descaminho e corrupção de agentes públicos, entre outros crimes.
As referências à palavra
"doação", conforme papéis da
PF, partem do fundador da Cisco do Brasil, Carlos Carnevali, e
de executivos da Mude Comércio e Serviços Ltda. -Francisco
Gandin, José Roberto Pernomian e Fernando Grecco.
Ontem, a 4ª Vara da Justiça
Federal Criminal de SP decretou a prisão preventiva de nove
envolvidos, entre eles Carnevali, Pernomian e Grecco.
Segundo a PF, Cisco e Mude
montaram uma rede de empresas, no Brasil e nos EUA, para
importar produtos até 70%
mais baratos, com uso de nota
fria e subfaturada, descontos
fictícios e empresas fantasmas,
registradas em nome de "laranjas" ou de "offshores" -companhias com sede em paraísos fiscais, nos quais o sigilo sobre o
verdadeiro titular é absoluto.
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