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Escutas apontam elo entre grupo de Dantas e políticos
Grampos da PF captaram diálogos com congressistas e caciques de diferentes partidos
Operação Satiagraha fez interceptações de conversas de sócios do Opportunity e intermediários com petistas e lideranças de DEM e PMDB
LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nas diversas gravações telefônicas realizadas pela Polícia
Federal na Operação Satiagraha foram captados diálogos dos
sócios do banco Opportunity e
seus intermediários com deputados, senadores, ex-congressistas e caciques de diferentes
partidos, do DEM ao PT, que
formam a rede de contatos do
grupo de Daniel Dantas no
mundo político.
De um lado, as conversas revelam uma relação de amizade
de Carlos Rodenburg, homem
de confiança de Daniel Dantas,
com o ex-senador e ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen, o ex-governador de São
Paulo Orestes Quércia
(PMDB), o senador Heráclito
Fortes (DEM-PI) e integrantes
da bancada ruralista no Congresso Nacional, como o deputado federal Abelardo Lupion
(DEM-PR).
De outro, os diálogos mostram quando os ex-deputados
petistas Luiz Eduardo Greenhalgh e Sigmaringa Seixas,
por meio do lobista Guilherme
Sodré, são acionados a mando
de Dantas para defender os interesses do Opportunity.
A Folha teve acesso ao áudio
dos grampos, realizados com
autorização judicial pela Polícia Federal.
Nas conversas, Bornhausen,
Quércia e Heráclito se referem
a Rodenburg como "Carlinhos". Com freqüência, Rodenburg coloca à disposição
dos políticos carro e motorista
para buscá-los em aeroportos e
eventos sociais.
Três dias após a Folha ter revelado, em 26 de abril, a existência de uma investigação da
PF sobre o Opportunity e seus
sócios, Bornhausen procura
Rodenburg para lhe oferecer
ajuda. O sócio de Dantas comenta com o ex-senador que
está com medo de ser preso.
Bornhausen: "Me disse o Rafa [...] que é uma ação absolutamente ilegal, né?".
Rodenburg: "Totalmente, totalmente [...]. É um negócio
feio. A sensação é horrível, porque você não sabe o que está
acontecendo. Aí acorda de manhã achando que tem carro de
polícia".
Bornhausen: "Se você precisar de mim, me avise".
Nesse mesmo período, Daniel Dantas telefona para Guilherme Sodré para obter mais
informações sobre a operação
da Polícia Federal.
"Greenhalgh tá ligado, tá certo? Já acionou tudo que podia
acionar. Sig também tá ligado,
mas eu vou falar na 12ª [Vara
Federal] para ver se pode ser [a
localização do inquérito]. Tá
bom?", responde Sodré.
Conforme a Folha publicou
no começo deste mês, Greenhalgh foi contratado por Daniel Dantas para fazer lobby
em nome do Opportunity no
processo de venda da Brasil Telecom para a Oi (Telemar). Um
dia após o fechamento do acordo, em 25 de abril, Dantas agradece Greenhalgh pelos serviços
prestados:
Greenhalgh: "Tá precisando
de um emprego?"
Dantas: "[Risos] Tô! Tem alguma coisa para eu fazer?"
Greenhalgh: "Nós vamos
sentar, os seus amigos, e decidir o que você vai fazer daqui
por diante".
Dantas: "Pois é [...]. Eu tava
dizendo para o Humberto que
eu ia ligar, para dizer "graças a
Deus", deixa eu ligar para Deus
[numa referência a Greenhalgh]".
Greenhalgh: "Mas deixa eu te
falar, Daniel. Eu quero que
Deus te ajude, realmente, que
você progrida, [por] que você é
um cara legal".
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