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PMDB ganha espaço, avança nas capitais e mira pós-Lula
Partido vence em 1.202 cidades; oposição encolhe, mas impõe derrotas a presidente
ALAN GRIPP
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O mapa político das cidades
brasileiras tem novo dono: o
PMDB. A partir de 1º de janeiro
de 2009, o partido governará
cerca de 28,6 milhões de eleitores em 1.202 municípios, o que
aumenta o cacife da legenda para a sucessão de 2010.
As eleições também ficaram
marcadas pela onda de reeleições, que se repetiu no segundo
turno. Dos 20 prefeitos de capitais que tentaram renovar seus
mandatos, 19 venceram. Apenas o prefeito de Manaus, Serafim Corrêa (PSB), perdeu. Em
2004, só cinco prefeitos candidatos se reelegeram.
O PT também avançou do
ponto de vista orgânico: teve o
maior número de vitórias (21)
no chamado G79, grupo formado pelas 26 capitais e 53 municípios com mais de 200 mil
eleitores -em que o segundo
turno é possível. Saiu governando 20 milhões de eleitores.
Mas o bom desempenho foi
atenuado pelo fato de que o
partido do presidente Lula não
conseguiu emplacar nenhuma
vitória de grande relevo. Pior:
sua maior aposta, São Paulo,
transformou-se em uma grande derrota política para o grupo
de José Serra, eventual candidato a presidente em 2010.
Além da derrota de Marta
Suplicy para Gilberto Kassab
(DEM), houve fracassos importantes em Salvador, com Walter Pinheiro, e em Porto Alegre,
com Maria do Rosário.
Desde 1988 o PMDB saía das
urnas como líder no número de
prefeituras conquistadas, título
garantido por seu domínio no
chamado "Brasil profundo".
Este ano o partido manteve-se
poderoso nos grotões, mas se
expandiu nas cidades de médio
e grande porte, passando a ser a
sigla mais votada e a que governará o maior número de eleitores- vitórias conquistadas pelo
PSDB no pleito de 2004.
O PMDB venceu em seis capitais. No primeiro turno, havia
vencido em Goiânia e Campo
Grande. Ontem, elegeu os prefeitos do Rio e Florianópolis e
derrotou o PT em Salvador e
Porto Alegre. No total, 17 peemedebistas conseguiram se
eleger em cidades que integram
o G79. Em 2004, eram apenas
9. O partido também triplicou o
número de eleitores sob o seu
comando nessas grandes cidades- passou de 3,6 milhões em
2004 para 11,7 milhões.
No curto prazo, a vitória do
PMDB será usada nas costuras
para a eleição dos presidentes
da Câmara e do Senado, assim
como na busca por mais espaço
no ministério. Publicamente,
líderes do partido admitem capitalizar o resultado na largada
rumo a 2010. "Somos o maior
partido do Brasil. Em 2010, vamos forte para qualquer aliança, sem nenhuma dúvida", disse o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que
quer presidir a Casa. Ontem,
Orestes Quércia, que apoiou
Kassab, apontou Serra como
opção para a sucessão de Lula.
De uma forma geral, os partidos de oposição a Lula são os
maiores derrotados. Iniciarão
2009 governando 35,4 milhões
de eleitores, quase 10 milhões
de eleitores a menos do que
atualmente. Em relação a
2004, a perda é de 12,5 milhões.
A principal sigla oposicionista, o PSDB, sai das urnas governando 5,8 milhões de eleitores
nas grandes cidades, quase um
terço do que administrava em
2004 (14 milhões). No país, o
partido comandará 17,5 milhões de eleitores em 2009.
Os tucanos venceram em nove cidades do G79, sendo duas
capitais (Curitiba e Teresina).
No segundo turno, garantiram
São Luís e Cuiabá, além de Juiz
de Fora e Ponta Grossa.
O estrago para a oposição só
não foi maior graças ao triunfo
de Kassab em São Paulo, maior
colégio eleitoral do país, com
8,2 milhões de eleitores. Sua vitória ofusca um pouco a derrocada do DEM na Bahia, que foi
tomada de assalto pelo PMDB
de Geddel Vieira Lima, antigo
adversário do PT e hoje ministro de Lula. No primeiro turno,
o DEM conquistou quatro
grandes cidades: Ribeirão Preto, Mogi das Cruzes, Blumenau
e Feira de Santana. Em todo o
país, o DEM comandará 15,9
milhões de eleitores.
O PPS foi o partido da oposição que mais perdeu espaço.
Em 2004, elegeu 5 prefeitos em
cidades grandes e, neste ano,
nenhum. Em janeiro, a sigla só
governará 2 milhões de eleitores, bem menos que em 2004,
quando obteve 6,8 milhões.
O alto índice de reeleição dos
prefeitos das capitais brasileiras que concorreram a um novo
mandato foi superior à média
nacional. De acordo com a Confederação Nacional de Municípios, a taxa de recondução em
todo o Brasil foi de 67%. Dos
3.357 candidatos a um novo
mandato, 2.245 venceram.
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