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Mendes cobra ação do Estado contra invasões
Presidente do STF diz que legislação é suficiente para conter violência no campo, mas precisa ser aplicada
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) ministro
Gilmar Mendes cobrou ontem
a aplicação um "aparato legal"
já existente no país contra entidades que promovem invasões
ou violência no campo. Para
Mendes, a atuação irregular de
movimentos sociais pode ser
combatida com o emprego das
leis criminais, a sustação de repasses governamentais e o controle sobre autoridades omissas no cumprimento das normas nos confiltos fundiários.
O presidente do STF afirmou
que o Brasil já tem uma legislação "suficiente" sobre as questões agrárias, nas áreas civil,
penal e administrativa. "É preciso que ela seja devidamente
aplicada", disse Mendes após
participar de um congresso em
São Paulo sobre direito agrário.
Indagado sobre se o governo
estava sendo leniente em relação ao MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem
Terra), Mendes disse: "As pessoas têm de fazer a avaliação de
suas responsabilidades. Agora,
se eventualmente alguém se
omite, há um sistema de controle. O próprio Ministério Público pode fazer essa avaliação,
por exemplo". Segundo o ministro, "a lei manda que ele [o
governo] suste os subsídios para entidades que promovem invasões ou violência".
Para ele não existe uma tentativa de setores da sociedade
de "crimiminalizar" os movimentos sociais, mas completou: "Agora, ato criminoso praticado por qualquer pessoa deve ser tratado como crime".
O secretário da Justiça e da
Defesa da Cidadania, Luiz Antonio Marrey, também presente ao evento, disse que o discurso sobre a criminalização dos
movimentos sociais visa neutralizar a aplicação da lei. "Não
é um álibi ser de movimento social. Isso não pode ser justificativa para destruição, dano,
ameaça, furto e roubo", afirmou. Para Marrey, há juízes,
promotores, delegados que
aplicam a lei com timidez contra os movimentos sociais.
O secretário também criticou as lideranças de grupos
sem terra: "Lideranças dos movimentos sociais -não a massa
das pessoas- não querem uma
solução, porque isso atrapalha
suas bandeiras políticas", disse.
O MST rebateu as críticas em
nota. "A lei agrária manda que
os índices de produtividade sejam revistos com regularidade
pelo governo federal. Não vimos Mendes e Marrey demonstrarem indignação por
causa da articulação do latifúndio para impedir o cumprimento dessa lei", sustenta o texto.
A nota afirma que nada foi
feito em relação a terras griladas em São Paulo e no Pará e reclama uma "resposta adequada
do Estado de Direito sobre
1.469 trabalhadores rurais assassinados na luta pela reforma
agrária nos últimos 25 anos".
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