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PREVIDÊNCIA PETISTA
Após nove horas, texto principal passa por 55 votos a 25
Governo aprova reforma com 13 votos da oposição
Alan Marques/Folha Imagem
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Senadores acompanham, no plenário, as discussões sobre a emenda que modifica a Previdência |
JULIANNA SOFIA
FERNANDA KRAKOVICS
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após nove horas de discussão, o
governo aprovou ontem em primeiro turno, por 55 a 25 -seis
votos a mais que o necessário-, o
texto principal da reforma da Previdência no Senado. A oposição
foi fundamental para a aprovação
do projeto, com 13 votos a favor.
A reforma da Previdência atinge
principalmente os servidores públicos, elevando a idade mínima
para aposentadoria, criando a
contribuição de inativos e pensionistas, estabelecendo redutor de
benefícios para aposentadorias
precoces e definindo teto e subteto salarial no funcionalismo.
A estimativa do governo é que a
reforma permita uma economia
para a União de R$ 47,2 bilhões
em um prazo de 20 anos. Para os
Estados e o Distrito Federal, projeções do Tesouro Nacional indicam que a economia seria de R$
10 bilhões a R$ 15 bilhões.
O placar obtido na votação no
Senado estava dentro da previsão
do governo, que contava com 55
votos na hipótese mais conservadora e 59 na mais otimista.
No PT a única defecção foi da
senadora Heloísa Helena (PT-AL), o que deve consolidar seu
processo de expulsão do partido.
Contrariados, os senadores Paulo
Paim (PT-RS) e Flávio Arns (PT-PR) acompanharam o governo. A
senadora Serys Slhessarenko (PT-SC) chegou a chorar durante seu
discurso na tribuna, mas também
votou a favor da reforma. Como
já era esperado, três senadores do
PMDB, partido da base aliada do
governo, votaram contra a reforma: Mão Santa (PI), Sérgio Cabral
(RJ) e Papaléo Paes (AP).
As votações continuam hoje
com a apreciação de dez requerimentos que, se aprovados, permitiriam propor mudanças ao projeto que veio da Câmara. As chances de alteração são mínimas. Ontem ainda foi votado um requerimento para alterar as regras de
constituição dos fundos de pensão complementar de modo a
permitir a participação de capital
privado, o que foi derrubado.
Divergências
As divergências com o PMDB
chegaram a adiar por um dia o
início da votação da reforma, previsto para anteontem. Por trás da
insatisfação do partido está, principalmente, a pressão para acelerar a reforma ministerial, em que
o governo pretende contemplar o
PMDB com duas pastas.
Em meio à discussão da proposta, o governo ainda negociava
com o PMDB detalhes da chamada "PEC paralela" para garantir o
apoio do partido na votação. O líder peemedebista no Senado, Renan Calheiros (AL), queria garantias do governo de que a proposta
alternativa seria votada rapidamente em convocação extraordinária do Congresso. O PSDB e o
PFL têm dúvidas quanto à disposição do governo de levar a emenda paralela adiante.
A "PEC paralela" reúne pontos
polêmicos da reforma que serão
discutidos separadamente.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), disse ser favorável à reforma da Previdência,
mas justificou seu voto contrário
pela "intransigência" do governo.
"O governo foi radicalizando, e eu
fui radicalizando também. Eles
foram intransigindo, e eu fui também", disse ele.
Já o líder do PFL, José Agripino
(RN), disse que o governo não
contará com os votos de seu partido nas próximas votações, principalmente na reforma tributária. O
partido recomendou que os senadores votassem contra o projeto,
mas não fechou questão, já que
muitos congressistas seguiriam a
orientação dos governadores, que
são favoráveis à reforma.
Quando o painel eletrônico do
Senado revelou o resultado final,
55 votos a favor da proposta do
governo e apenas 25 contrários,
os servidores ficaram de costas
para o plenário, cantaram o Hino
Nacional e se retiraram, enquanto
o presidente da Casa, José Sarney
(PMDB-AP), pedia silêncio.
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