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BRASIL PROFUNDO
Câmara na BA barra acesso da mídia às sessões
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Para impedir a entrada de pessoas ligadas à Igreja Católica nas
sessões, a Câmara de Pilão Arcado (localizada a 774 km de Salvador) aprovou um projeto que praticamente impossibilita o acesso
da imprensa às sessões de votação. Pelo projeto, que ainda não
foi sancionado pelo prefeito José
Lauro Teixeira Rocha (PFL), 74,
os jornalistas interessados em cobrir os trabalhos da Câmara devem pedir uma autorização com
25 dias de antecedência.
Caso o pedido seja concedido,
os jornalistas também devem se
comprometer a mostrar, para os
13 vereadores do município, as
imagens e os textos gravados durante as sessões.
Somente depois de uma análise
prévia por parte da Câmara é que
os vereadores decidem se a reportagem será liberada ou não para o
público. Autor do projeto, o vereador Manoel Messias Antunes
(PFL), 45, disse que "militantes"
da Igreja Católica estavam maculando a imagem dos vereadores.
"Eles filmavam as sessões e, depois, faziam panfletos contendo
ofensas contra a gente", disse.
Segundo o vereador, os jornalistas não estão proibidos de trabalhar pela Câmara. "Quem chegar
aqui com uma credencial de imprensa terá autorização para entrar imediatamente. Só que vamos checar realmente se a pessoa
é jornalista ou um militante político disfarçado", declarou.
O padre local, Guilherme Mayer, 62, de nacionalidade alemã,
confirma que pediu a um funcionário da igreja, o auxiliar Etevaldo
Carvalho, para filmar algumas
sessões realizadas na Câmara.
"A igreja não está acusando ninguém. É a sociedade que quer cobrar mais transparência por parte
dos vereadores", disse. Segundo o
padre, o projeto aprovado pelos
13 vereadores de Pilão Arcado remetem ao período do regime militar (64-85). "Vamos mobilizar a
sociedade para exigir que o prefeito não sancione o projeto." Dos
13 vereadores, nove foram favoráveis à aprovação do projeto.
O presidente da Câmara de Pilão Arcado, Gessé Alves Filho
(PTB), 50, disse que os jornalistas
podem trabalhar com tranquilidade durante as sessões. "O que
não vamos mais aceitar são as
presenças de agitadores ligados à
Igreja Católica." O prefeito Rocha
não foi localizado ontem na prefeitura e em sua residência.
Segundo assessores da administração, o prefeito estava fazendo
visitas à zona rural do município.
Com salário de R$ 2.100 por mês,
os vereadores de Pilão Arcado se
reúnem duas vezes por semana.
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