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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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BRASIL PROFUNDO

Câmara na BA barra acesso da mídia às sessões

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Para impedir a entrada de pessoas ligadas à Igreja Católica nas sessões, a Câmara de Pilão Arcado (localizada a 774 km de Salvador) aprovou um projeto que praticamente impossibilita o acesso da imprensa às sessões de votação. Pelo projeto, que ainda não foi sancionado pelo prefeito José Lauro Teixeira Rocha (PFL), 74, os jornalistas interessados em cobrir os trabalhos da Câmara devem pedir uma autorização com 25 dias de antecedência.
Caso o pedido seja concedido, os jornalistas também devem se comprometer a mostrar, para os 13 vereadores do município, as imagens e os textos gravados durante as sessões.
Somente depois de uma análise prévia por parte da Câmara é que os vereadores decidem se a reportagem será liberada ou não para o público. Autor do projeto, o vereador Manoel Messias Antunes (PFL), 45, disse que "militantes" da Igreja Católica estavam maculando a imagem dos vereadores. "Eles filmavam as sessões e, depois, faziam panfletos contendo ofensas contra a gente", disse.
Segundo o vereador, os jornalistas não estão proibidos de trabalhar pela Câmara. "Quem chegar aqui com uma credencial de imprensa terá autorização para entrar imediatamente. Só que vamos checar realmente se a pessoa é jornalista ou um militante político disfarçado", declarou.
O padre local, Guilherme Mayer, 62, de nacionalidade alemã, confirma que pediu a um funcionário da igreja, o auxiliar Etevaldo Carvalho, para filmar algumas sessões realizadas na Câmara.
"A igreja não está acusando ninguém. É a sociedade que quer cobrar mais transparência por parte dos vereadores", disse. Segundo o padre, o projeto aprovado pelos 13 vereadores de Pilão Arcado remetem ao período do regime militar (64-85). "Vamos mobilizar a sociedade para exigir que o prefeito não sancione o projeto." Dos 13 vereadores, nove foram favoráveis à aprovação do projeto.
O presidente da Câmara de Pilão Arcado, Gessé Alves Filho (PTB), 50, disse que os jornalistas podem trabalhar com tranquilidade durante as sessões. "O que não vamos mais aceitar são as presenças de agitadores ligados à Igreja Católica." O prefeito Rocha não foi localizado ontem na prefeitura e em sua residência.
Segundo assessores da administração, o prefeito estava fazendo visitas à zona rural do município. Com salário de R$ 2.100 por mês, os vereadores de Pilão Arcado se reúnem duas vezes por semana.


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