São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 2006

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PT contraria Lula e pretende disputar comando da Câmara

Presidente defende permanência de Aldo Rebelo e diz que ele "está dando certo'

O favorito para ser indicado é o atual líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia. Corre por fora o ex-líder da bancada Walter Pinheiro

Raimundo Pacco / Folha Imagem
O deputado federal Arlindo Chinaglia (à esq.), líder do governo na Câmara, na reunião do Diretório Nacional do PT em São Paulo

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA, EM SÃO PAULO

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em atitude de confronto aberto com a opinião já explicitada por Luiz Inácio Lula da Silva, o PT deve lançar candidato à presidência da Câmara dos Deputados até a metade do mês que vem, em ato em Brasília.
O favorito para ser indicado é o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP). Corre por fora o ex-líder da bancada Walter Pinheiro (BA), deputado mais votado do partido na eleição de outubro.
Lula deve tentar demover a bancada da idéia, em encontro nas próximas semanas. A audiência deve ser agendada hoje numa reunião da direção do PT com o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais).
Na semana passada, Lula comunicou à direção do PT que prefere a recondução de Aldo Rebelo (PC do B-SP) ao posto, em 1º de fevereiro. "Não tem por que mudar. O Aldo está com boa saúde, é leal, está dando certo", declarou o presidente na reunião. Ao saber da insistência dos petistas, Lula rebateu: "Temos muito em comum, mas temos essa divergência".
A bancada petista na Câmara está disposta a ignorar o apelo do presidente. Com 83 deputados eleitos e a maior votação para deputado federal, o partido se acha na condição de reivindicar o cargo, o terceiro na linha sucessória.
Desenha-se assim um cenário em que a base governista poderá ter três candidatos a presidente da Câmara: Aldo, um petista e um peemedebista (o baiano Geddel Vieira ou o cearense Eunício Oliveira). As três candidaturas devem iniciar em breve uma corrida atrás dos votos dos demais partidos aliados: PP, PR, PSB e PTB, além de deputados da oposição.

Derrota de 2005
A decisão da bancada petista vem sendo amadurecida há cerca de um mês. O partido faz um jogo de alto risco: além de bater de frente com Lula, pode ressuscitar um cenário que no passado recente foi desastroso. Em 2005, a inabilidade do PT para lidar com a questão abriu caminho para a vitória de Severino Cavalcanti (PP-PE), o chamado "rei do baixo clero". "A bancada está bastante decidida, mas o fantasma do Severino ainda paira sobre todos nós", disse Renato Simões, secretário de Movimentos Populares.
Na direção do partido e entre o círculo mais próximo a Lula, a rebelião da bancada é objeto de críticas. "Esse é um problema que tem que ser resolvido no marco de uma política de coalizão. Não é uma decisão que o PT pode tomar sozinho", disse o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia. Para o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), "é necessário ao PT ter sensibilidade para ver se encontra apoio nos outros partidos da coalizão".
Entre os deputados petistas, a expectativa é que Lula não entre pesado no jogo para reeleger Aldo. Outra aposta dos petistas é a de que os problemas de 2005 não se repetirão: Chinaglia ou Pinheiro teriam mais trânsito na Câmara que Luiz Eduardo Greenhalgh (SP).

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