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PT contraria Lula e pretende disputar comando da Câmara
Presidente defende permanência de Aldo Rebelo e diz que ele "está dando certo'
O favorito para ser indicado é o atual líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia. Corre por fora o ex-líder da bancada Walter Pinheiro
Raimundo Pacco / Folha Imagem
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O deputado federal Arlindo Chinaglia (à esq.), líder do governo na Câmara, na reunião do Diretório Nacional do PT em São Paulo
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA, EM SÃO PAULO
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em atitude de confronto
aberto com a opinião já explicitada por Luiz Inácio Lula da
Silva, o PT deve lançar candidato à presidência da Câmara dos
Deputados até a metade do mês
que vem, em ato em Brasília.
O favorito para ser indicado é
o líder do governo na Câmara,
Arlindo Chinaglia (SP). Corre
por fora o ex-líder da bancada
Walter Pinheiro (BA), deputado mais votado do partido na
eleição de outubro.
Lula deve tentar demover a
bancada da idéia, em encontro
nas próximas semanas. A audiência deve ser agendada hoje
numa reunião da direção do PT
com o ministro Tarso Genro
(Relações Institucionais).
Na semana passada, Lula comunicou à direção do PT que
prefere a recondução de Aldo
Rebelo (PC do B-SP) ao posto,
em 1º de fevereiro. "Não tem
por que mudar. O Aldo está
com boa saúde, é leal, está dando certo", declarou o presidente na reunião. Ao saber da insistência dos petistas, Lula rebateu: "Temos muito em comum,
mas temos essa divergência".
A bancada petista na Câmara
está disposta a ignorar o apelo
do presidente. Com 83 deputados eleitos e a maior votação
para deputado federal, o partido se acha na condição de reivindicar o cargo, o terceiro na
linha sucessória.
Desenha-se assim um cenário em que a base governista
poderá ter três candidatos a
presidente da Câmara: Aldo,
um petista e um peemedebista
(o baiano Geddel Vieira ou o
cearense Eunício Oliveira). As
três candidaturas devem iniciar em breve uma corrida atrás
dos votos dos demais partidos
aliados: PP, PR, PSB e PTB,
além de deputados da oposição.
Derrota de 2005
A decisão da bancada petista
vem sendo amadurecida há
cerca de um mês. O partido faz
um jogo de alto risco: além de
bater de frente com Lula, pode
ressuscitar um cenário que no
passado recente foi desastroso.
Em 2005, a inabilidade do PT
para lidar com a questão abriu
caminho para a vitória de Severino Cavalcanti (PP-PE), o chamado "rei do baixo clero". "A
bancada está bastante decidida,
mas o fantasma do Severino
ainda paira sobre todos nós",
disse Renato Simões, secretário de Movimentos Populares.
Na direção do partido e entre
o círculo mais próximo a Lula, a
rebelião da bancada é objeto de
críticas. "Esse é um problema
que tem que ser resolvido no
marco de uma política de coalizão. Não é uma decisão que o
PT pode tomar sozinho", disse
o presidente interino do PT,
Marco Aurélio Garcia. Para o
ministro Luiz Dulci (Secretaria
Geral da Presidência), "é necessário ao PT ter sensibilidade
para ver se encontra apoio nos
outros partidos da coalizão".
Entre os deputados petistas,
a expectativa é que Lula não entre pesado no jogo para reeleger Aldo. Outra aposta dos petistas é a de que os problemas
de 2005 não se repetirão: Chinaglia ou Pinheiro teriam mais
trânsito na Câmara que Luiz
Eduardo Greenhalgh (SP).
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