|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
D. Cláudio vê "hipocrisia" nas críticas a padres
"Se há problemas graves, isso é 0,01% talvez; mas 99% são bravos padres, generosos", diz cardeal, que assumirá posto na Cúria
Nomeado prefeito da
Congregação para o Clero,
d. Cláudio diz que é preciso
rigor na seleção "para que
depois não haja problemas"
DA REPORTAGEM LOCAL
Em celebração na Catedral
da Sé onde se despediu ontem
da Arquidiocese de São Paulo,
dom Cláudio Hummes, 72, atacou a "hipocrisia" na generalização das críticas aos padres e
defendeu uma "seleção rigorosa" para os candidatos à função
de sacerdote.
Foi uma referência ao trabalho que pretende fazer como
prefeito da Congregação para o
Clero -responsável no Vaticano pela formação de padres em
todo o mundo. Depois de oito
anos como arcebispo de São
Paulo, d. Cláudio foi nomeado
para o cargo em 31 de outubro e
viaja no próximo sábado para
Roma para assumi-lo.
O posto é estratégico devido
à diminuição das vocações para
a vida religiosa e às acusações
de pedofilia que membros da
igreja passaram a enfrentar.
"Se há problemas graves
[com os padres], isso é 0,01%
talvez. Mas 99% são bravos padres, generosos. Um caso grave
só já seria de grande preocupação. Mas que não se diga "os padres", que não é verdade. Seria
muito hipócrita dizer isso",
afirmou o cardeal no sermão.
Embora não tenha feito
menção direta ontem, d. Cláudio tem repetido que a pedofilia
é uma preocupação da sociedade, e não só da igreja.
O cardeal afirmou que o rigor
na seleção para os seminários
ajudará a diminuir os problemas: "Temos de selecionar rigorosamente os candidatos para que depois não haja problemas. É melhor para a própria
pessoa... Se [é selecionada e]
passa por problemas depois,
sua vida estará estragada."
Esse maior rigor na escolha é
uma marca da gestão de d.
Claudio em São Paulo e é considerado um dos motivos pelos
quais ele foi escolhido pelo Vaticano para o cargo. Segundo o
próprio d. Claudio houve redução do número de homossexuais na arquidiocese.
Visita a Lula
Na catedral lotada -segundo
os organizadores, havia 5.000
pessoas-, d. Cláudio ouviu discursos de agradecimento do governador de São Paulo, Claudio
Lembo (PFL), do prefeito da cidade, Gilberto Kassab (PFL),
do rabino Henri Sobel, de representantes da igreja e dos
movimentos sociais. O ex-governador Geraldo Alckmin
(PSDB) esteve na cerimônia.
O senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que enviou uma mensagem ao
cardeal que foi lida na missa.
Lula receberá d. Cláudio em
Brasília amanhã à tarde.
Segundo o cardeal, até o fim
do ano o papa Bento 16 deve nomear o novo arcebispo de São
Paulo: "Há muito trabalho a fazer na preparação da visita do
papa ao Brasil, em maio", argumentou. A escolha é importante também porque o posto em
São Paulo é "cardinalício": tradicionalmente, os arcebispos
são nomeados cardeais.
D. Odilo Scherer, secretário-geral da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil),
é um dos cotados para o cargo.
São também mencionados o
bispo-auxiliar Pedro Luiz
Stringhini, do bairro do Belém,
e d. Orani Tempesta, arcebispo
de Belém.
(FLÁVIA MARREIRO)
Texto Anterior: PF quer ajuda da CPI dos Sanguessugas para esclarecer participação do petista Próximo Texto: Frase Índice
|