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Irmã "advogada" defende canonização de brasileiros
A religiosa Célia Cadorin ajudou a reconhecer frei Galvão e madre Paulina
Catarinense é postuladora de santos desde 1983; em 2004, foi morar em Roma para se dedicar unicamente à santificação do frei
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
No Brasil, uma pessoa só é
feita santa após cumprir três
requisitos: ter fama de santidade, ter dois milagres reconhecidos pelo Vaticano e ter sido defendida perante a Santa Sé pela
irmã Célia Cadorin, religiosa
que advogou pelas causas de
frei Galvão e de madre Paulina,
os únicos santos brasileiros reconhecidos pelo Vaticano.
Irmã Célia nasceu em Nova
Trento (SC), mesma cidade em
que madre Paulina iniciou sua
obra no Brasil -a Congregação
das Irmãzinhas da Imaculada
Conceição, à qual pertence.
Postuladora de santos desde
1983, quando foi designada para o processo de madre Paulina,
irmã Célia aprendeu que um
santo tem mais chances de ser
reconhecido com a presença
constante do postulador na
Congregação para os Santos,
responsável por analisar o processo de santificação. Sem um
bom "advogado", o santo fica
apenas na veneração popular.
Irmã Célia não gosta de falar
de si. Nem sua idade revela. "A
história dos santos fala por eles.
Eu só ajudo a igreja a conhecer
a bonita história deles", diz ela,
que, desde 2004, vive no colégio Pio Brasileiro, em Roma,
para se dedicar à defesa do frei.
Para se tornar postulador de
santos, é preciso fazer curso de
direito canônico e de metodologia científica, conhecer idiomas e ser aprovado pelo Vaticano. Latim e italiano são obrigatórios, já que todo o processo de
canonização tem de ser traduzido para esses idiomas.
Irmã Célia era secretária da
CNBB em Santa Catarina e foi
convocada para ajudar o postulador, um padre, no processo de
madre Paulina por suas superioras na congregação. O padre
pediu uma irmã jovem para
ajudar no processo. Tanto a fama de incansável quanto de organizada ajudaram na escolha.
O processo de canonização é
burocrático. Após passar por
um tribunal eclesiástico na diocese de origem, o caso passa por
uma comissão de médicos, teólogos e cardeais em que pode
fazer diferença a presença do
advogado para esclarecer um
detalhe que, por ventura, foi
omitido ou para providenciar
um documento solicitado.
No caso de frei Galvão, seu
processo ficou parado entre
1938 e 1986, quando o então arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, incumbiu a irmã de recomeçar o processo.
O processo de frei Galvão,
que ainda não foi fechado, é volumoso -estimado em quase
10 mil páginas- e contém o relato sintético de ao menos
8.057 graças alcançadas. Dele
sai uma "biografia documentada", que visa também provar a
fama de santidade da pessoa no
seu país e se possuía as virtudes
solicitadas pelo Vaticano.
No caso de frei Galvão, os
custos do processo são estimados em 90 mil euros pelo Mosteiro da Luz, que pagou tudo
(por meio de doações de fiéis),
desde a reunião dos documentos até o pagamento da hospedagem de irmã Célia na Itália.
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