|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUMO A 2002
1998 mina candidatos naturais à sucessão de Fernando Henrique Cardoso em vários partidos
Doenças e derrotas atingem presidenciáveis
do Conselho Editorial
O ano de 1998
funcionou quase como um exterminador do
futuro para presumíveis presidenciáveis de
2002.
Começou cedo, em abril, com a
morte do deputado Luís Eduardo
Magalhães (BA), candidato natural do PFL para a sucessão de Fernando Henrique Cardoso, na mais
que provável hipótese de que, em
2002, o casamento com o PSDB
termine com um divórcio ruidoso.
O próprio PSDB viu nascer uma
candidatura natural, a do governador Mário Covas (SP).
Governador de São Paulo é sempre um presidenciável por definição. Fica ainda mais forte quando
consegue, como Covas, um segundo mandato à frente do principal
Estado do país.
Mas à vitória eleitoral seguiu-se
um câncer na bexiga que criou um
enorme ponto de interrogação sobre o futuro político e eleitoral do
governador.
²
Males eleitorais
Males eleitorais, e não físicos,
machucaram outro presidenciável, Paulo Maluf (PPB).
A derrota no segundo turno em
São Paulo, para Covas, demonstrou que o número de antimalufistas supera o de malufistas.
Se é assim em São Paulo, o coração do malufismo, suas dificuldades eleitorais no resto do país tendem a ser quase insuperáveis.
Outra das vítimas de 1998 foi
Luiz Inácio Lula da Silva, o eterno
presidenciável do PT, tanto que foi
três vezes candidato ao Planalto e
três vezes perdeu.
Claro que a Constituição não
proíbe que candidatos derrotados
três vezes façam uma quarta tentativa. Mas, pela primeira vez em 20
anos de história do partido, Lula
começa a deixar de ser o candidato
natural do PT.
Tudo somado, chega a ser irônico que os dois únicos nomes que
terminam o ano com alguma força
para 2002 pertençam ao partido
que saiu mais machucado das urnas de outubro passado, o PMDB.
Afinal, enquanto ainda havia a
chance de que o PMDB tivesse candidato próprio em 98, Itamar
Franco e José Sarney apareciam
nas pesquisas com algo em torno
de 10% das intenções de voto, um
razoável capital inicial.
Os dois reforçaram suas posições
pelo contraste com a derrota de vários dos caciques peemedebistas,
inclusive e principalmente a do
mais forte presidenciável do partido, o governador gaúcho Antônio
Britto (para não mencionar o goiano Iris Rezende e o paraense Jader
Barbalho).
É óbvio que, no deserto de candidaturas naturais que 1998 criou ou
reforçou, melhoram as perspectivas de Itamar e Sarney.
²
Biorritmo de Covas
No caso do PSDB, a busca de
uma candidatura presidencial seguirá o biorritmo de Covas. Cada
exame de resultados positivos tende a reforçar sua candidatura antes
absolutamente natural.
Tão natural que o baralho "tucano" já estava com as principais
cartas distribuídas: o ministro José
Serra (Saúde), que quer ser presidente, admitia recolher-se à disputa pelo governo de São Paulo.
O ministro Paulo Renato (Educação), que quer ser governador e
presidente, disputaria o Senado,
conforme, de resto, já anunciou
publicamente. Se os exames futuros de Covas forem negativos ou se
ele preferir encerrar a carreira para
cuidar-se melhor no futuro, as cartas terão que ser distribuídas de
novo e entra no jogo o governador
do Ceará, Tasso Jereissati.
No PFL, ao contrário, o jogo está
virtualmente zerado. Além de Luís
Eduardo, o partido sofreu outra
baixa na lista de presidenciáveis,
com a derrota de César Maia para o
governo do Rio.
Resta-lhe Jaime Lerner, governador do Paraná, que, no entanto,
nem é parte do círculo que decide
as políticas pefelistas nem tem nome nacional.
Sobra mesmo o senador Antonio
Carlos Magalhães, presidente do
Congresso e principal cacique partidário, que só não será candidato
se não quiser.
Mas os que conhecem bem ACM
dizem que seu conhecido voluntarismo só vai até o ponto de não
correr riscos excessivos, como seria uma eleição nacional para um
político de prestígio eleitoral apenas regional.
O PT ficou em situação parecida
com a do PFL. Sem Lula -se este
achar mais prudente não concorrer uma quarta vez-, não há um
único nome natural no partido para substituí-lo.
É claro que, com sua vitória no
Rio Grande do Sul, subiu muito a
cotação de Olívio Dutra. Mas trata-se ainda de nome muito regional e
que, ademais, terá que enfrentar o
duro teste de demonstrar eficiência administrativa no mais importante naco de poder até agora arrancado das urnas pelo PT.
²
Campo nivelado
Tudo somado, parece claro que
1998 foi o ano que nivelou o campo
de jogo de 2002 para todos os principais partidos.
A menos que Mário Covas se recupere plenamente, todos eles terão que começar do zero a busca
do nome para disputar o lugar de
Fernando Henrique.
O presidente, aliás, também foi
"exterminado" como candidato
presidencial, já que obteve a segunda eleição consecutiva, limite
máximo previsto na Constituição,
pelo menos até agora.
(CLÓVIS ROSSI)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|