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GIRO INTERNACIONAL
Na Índia, presidente busca fortalecer G3 de olho em vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU
Lula volta a defender a reforma da ONU
GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A NOVA DÉLI
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva voltou a defender ontem, em
Nova Déli, a reforma das Nações
Unidas. O objetivo da mudança é
alterar a atual correlação de forças
existente na instituição e dar mais
poder aos países pobres.
"Estamos lutando muito para
que haja um processo de democratização da ONU", disse o presidente durante entrevista.
Lula está na Índia desde o dia
23. A visita que o presidente brasileiro faz ao país tem caráter comercial e político. O Brasil tem especial interesse em fortalecer o
comércio com a Índia, país de 1
bilhão de habitantes e com um
mercado consumidor estimado
em 200 milhões de pessoas.
Além do comércio bilateral, o
presidente brasileiro quer também fortalecer o chamado G3,
grupo formado por Brasil, Índia e
África do Sul, com a intenção de
aumentar sua força nas negociações internacionais e obter um assento permanente no Conselho
de Segurança das Nações Unidas.
O Brasil faz parte da comissão
que estuda a reforma da ONU para posteriormente apresentar
uma proposta de mudança.
Uma das principais bandeiras
da mudança é justamente o aumento dos assentos permanentes
do Conselho de Segurança, um
dos principais objetivos do Brasil
e de outros países em desenvolvimento. Os membros permanentes do conselho são EUA, China,
França, Reino Unido e Rússia.
Outro ponto importante para os
países que defendem a reforma é
o fim do direito de veto, que permite a um único país derrubar a
posição da maioria.
"Obviamente, se permanecer o
poder de veto de um país sobre o
outro, a democracia estará comprometida", afirmou o presidente
brasileiro.
Organismos multilaterais
O presidente também voltou a
defender a importância dos organismos multilaterais. Disse que
eles contribuem para a manutenção da paz no mundo. No entanto, ressaltou que, para que essas
instituições sejam fortes, é preciso
que sejam "mais democráticas,
representativas e independentes".
Na semana passada, em Mumbai, durante o Fórum Social Mundial, Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais
de Lula, participou de um debate
sobre a reforma da ONU. Disse
que o objetivo do G3, além de intensificar as relações comerciais, é
atuar conjuntamente nas negociações no âmbito da instituição.
Unidos, disse ele, esses três países teriam mais força para lutar,
por exemplo, pelo aumento do
número de membros no Conselho de Segurança da ONU.
As discussões sobre a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) também dominaram
parte da agenda do presidente
brasileiro ontem, em Nova Déli.
"Já não somos mais tão dependentes assim", disse Lula a jornalistas, ao falar sobre as alianças comerciais que os países mais pobres começam a fazer.
Alca e as barreiras
A aliança entre os países emergentes é vista pela diplomacia brasileira como uma alternativa às
barreiras tarifárias que hoje são
impostas pelos países ricos no
âmbito da OMC (Organização
Mundial do Comércio).
"A União Européia e os Estados
Unidos vão continuar mantendo
os subsídios enquanto perceberem que não temos uma força alternativa de contraposição", respondeu Lula a um jornalista que lhe perguntou sobre eventuais retaliações impostas pelos EUA ao
Brasil e aos outros membros dos
blocos comerciais "alternativos".
O presidente afirmou que não
se trata de ser contra ou a favor da
Alca. O que deve ser questionado,
disse, é se o modelo dessa zona de
livre comércio vai realmente beneficiar os mais pobres.
"Temos que levar a discussão
sobre a Alca para o campo da seriedade para que nossos produtos
não sejam vítimas de subsídios",
afirmou Lula.
Segundo o presidente, a criação
dessas novas alianças ampliou o
horizonte dos menos desenvolvidos. "A criação do G20 e do G3
demonstra que nós nos descobrimos enquanto potência".
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