São Paulo, segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

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Jobim discute compra de submarino francês por US$ 600 milhões

Além de aquisições, acordo inclui a transferência de tecnologia de submarinos nucleares da França para a Marinha brasileira

Ministro diz que objetivo é desenvolver o projeto do submarino nuclear no Centro Experimental de Aramar, no interior de SP

ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

O Brasil discute com a França a compra de submarino diesel-elétrico da classe Scorpène, por US$ 600 milhões, com pagamento em 20 anos e taxas européias, de 2,4% ao ano. A compra está condicionada a um pacote mais amplo que inclui a transferência de tecnologia de submarinos nucleares franceses para a Marinha brasileira.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que está em Paris para encontros com o governo e com empresas de submarinos e de aviões da França, ressalvou ontem que "não se trata de uma viagem de compras", mas de discussão de uma "aliança estratégica" entre os dois países.
A base das conversas, segundo ele, é a garantia de transferência de tecnologia -algo que os Estados Unidos não aceitam, mas a França mantém com países como a Índia e a China.
Jobim e sua comitiva voaram a Paris em um jato Legacy -fabricado pela Embraer- da FAB (Força Aérea Brasileira), para dar "um sentido simbólico" a favor da indústria nacional.
Brasil e França têm pelo menos quatro projetos conjuntos em estudo na área de defesa: o dos submarinos, o de aquisição do caça Rafale, o dos helicópteros cargueiros Cougar e um acordo que deverá ser assinado amanhã por Jobim para ampliar a troca de oficiais e de exercícios militares entre os dois países, inclusive com facilidades aduaneiras, plano de saúde e de locomoção.
O presidente Lula enviou ontem para Paris uma procuração para Jobim ratificar o acordo nos encontros com o ministro da Defesa da França, Hervé Morin, e com o presidente Nicolas Sarkozy. Apesar de deter o ciclo de enriquecimento de urânio e de seu uso para propulsão de submarinos, o Brasil não tem a tecnologia para construir um submarino nuclear.
Segundo Jobim, o objetivo é desenvolver o projeto do submarino nuclear no Centro Experimental de Aramar, em Iperó (SP), e também estudar a criação de um novo estaleiro no país, com tecnologia compartilhada com os franceses.
Na quarta-feira, Jobim vai visitar a Base Aeronaval de Dugny e a base de submarinos de Toulon, onde pretende visitar um modelo nuclear. No dia seguinte, visitará os estaleiros da DCNS, que produzem o convencional Scorpène.
O ministro Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), que acompanha Jobim, disse que o Brasil tem especial interesse no modelo militar francês, que tem apoio da sociedade e uma conexão direta com a indústria privada.

Farc
O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, chega hoje de Londres para integrar a comitiva de Jobim. Não houve nenhum acerto prévio, mas o governo não descarta a possibilidade de Sarkozy pedir ajuda ao Brasil para soltar a franco-colombiana Ingrid Betancourt, ex-candidata à presidência na Colômbia seqüestrada pelas Farc.


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