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Jobim discute compra de submarino francês por US$ 600 milhões
Além de aquisições, acordo inclui a transferência de tecnologia
de submarinos nucleares da França para a Marinha brasileira
Ministro diz que objetivo
é desenvolver o projeto
do submarino nuclear no
Centro Experimental de
Aramar, no interior de SP
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A PARIS
O Brasil discute com a França a compra de submarino diesel-elétrico da classe Scorpène,
por US$ 600 milhões, com pagamento em 20 anos e taxas européias, de 2,4% ao ano. A compra está condicionada a um pacote mais amplo que inclui a
transferência de tecnologia de
submarinos nucleares franceses para a Marinha brasileira.
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, que está em Paris para
encontros com o governo e com
empresas de submarinos e de
aviões da França, ressalvou ontem que "não se trata de uma
viagem de compras", mas de
discussão de uma "aliança estratégica" entre os dois países.
A base das conversas, segundo ele, é a garantia de transferência de tecnologia -algo que
os Estados Unidos não aceitam,
mas a França mantém com países como a Índia e a China.
Jobim e sua comitiva voaram
a Paris em um jato Legacy -fabricado pela Embraer- da FAB
(Força Aérea Brasileira), para
dar "um sentido simbólico" a
favor da indústria nacional.
Brasil e França têm pelo menos quatro projetos conjuntos
em estudo na área de defesa: o
dos submarinos, o de aquisição
do caça Rafale, o dos helicópteros cargueiros Cougar e um
acordo que deverá ser assinado
amanhã por Jobim para ampliar a troca de oficiais e de
exercícios militares entre os
dois países, inclusive com facilidades aduaneiras, plano de
saúde e de locomoção.
O presidente Lula enviou ontem para Paris uma procuração
para Jobim ratificar o acordo
nos encontros com o ministro
da Defesa da França, Hervé
Morin, e com o presidente Nicolas Sarkozy. Apesar de deter
o ciclo de enriquecimento de
urânio e de seu uso para propulsão de submarinos, o Brasil
não tem a tecnologia para construir um submarino nuclear.
Segundo Jobim, o objetivo é
desenvolver o projeto do submarino nuclear no Centro Experimental de Aramar, em Iperó (SP), e também estudar a
criação de um novo estaleiro no
país, com tecnologia compartilhada com os franceses.
Na quarta-feira, Jobim vai visitar a Base Aeronaval de
Dugny e a base de submarinos
de Toulon, onde pretende visitar um modelo nuclear. No dia
seguinte, visitará os estaleiros
da DCNS, que produzem o convencional Scorpène.
O ministro Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), que acompanha Jobim,
disse que o Brasil tem especial
interesse no modelo militar
francês, que tem apoio da sociedade e uma conexão direta
com a indústria privada.
Farc
O assessor internacional da
Presidência, Marco Aurélio
Garcia, chega hoje de Londres
para integrar a comitiva de Jobim. Não houve nenhum acerto
prévio, mas o governo não descarta a possibilidade de Sarkozy pedir ajuda ao Brasil para
soltar a franco-colombiana Ingrid Betancourt, ex-candidata à
presidência na Colômbia seqüestrada pelas Farc.
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