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Passeata tem até lanche do "ex-vilão" McDonald's
Participantes do fórum trocam críticas por "Carnaval"
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM
As 50 mil pessoas que participaram da passeata que inaugurou ontem a 9ª edição do Fórum Social Mundial, em Belém
(PA), trocaram as críticas contundentes de outros anos por
uma manifestação com jeito
carnavalesco, em que houve até
tempo de comer no McDonald's -alvo costumeiro de críticos ao capitalismo.
Em outras edições brasileiras do fórum, em Porto Alegre
(RS), lojas da cadeia norte-americana de lanchonetes foram objeto de hostilidades verbais. Dessa vez, a loja se manteve aberta e lucrou com a entrada dos manifestantes.
As principais reivindicações
da "marcha", como os organizadores chamaram o evento
inaugural, foram puxadas por
carros de som ligados a partidos, como o PSOL e o PSTU, e a
entidades sindicais, como a
CUT (Central Única dos Trabalhadores). Como é comum no
encontro, eles entoaram o tema
da Internacional Socialista e
lembraram o bordão do fórum:
"Um outro mundo é possível".
Mas boa parte das pessoas
preferiu seguir a passeata em
um ritmo mais festivo. Havia
desde um grupo fantasiado como palhaços até baterias tocando samba. Mesmo quando uma
forte chuva começou a cair e
encharcou a multidão, às 16h40
(horário de Brasília), elas continuavam a pular.
Outras, mais prevenidas, já
levaram guarda-chuvas -nesta
época do ano chove quase todos
os dias na capital paraense. Do
alto, os moradores dos prédios
tiravam fotos com máquinas
digitais. A estimativa de 50 mil
participantes foi da PM.
Além do McDonald's, as sedes de outras duas empresas
normalmente criticadas por
movimentos sociais também
estavam no trajeto da caminhada: a da mineradora Vale e a da
Rede Globo -que em Belém é
representada pela TV Liberal,
uma de suas afiliadas.
Não houve nenhum tipo de
ato na frente do prédio da Globo, mas, no da Vale, um grupo
com cerca de dez pessoas ligadas ao movimento estudantil
gritou palavras de ordem.
"A Vale é de quem? É do povo", diziam. Eles também lembraram a privatização da mineradora, durante o governo
FHC: "Assim não vale, não vale
não, esse leilão foi corrupção".
Preparativos
Antes mesmo de a passeata
começar, os cerca de 100 mil
participantes do fórum, que
chegaram em peso durante o final de semana, já podiam ser
vistos pela cidade.
No mercado Ver-o-Peso, o
mais tradicional da cidade, adolescentes estrangeiras compravam frutas típicas da Amazônia. Segundo um dos vendedores, o preço médio para os
"gringos" podia ser até o dobro
do valor normal.
Próximo ao mercado, a reportagem da Folha presenciou
uma visitante ter sua carteira
furtada.
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