São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

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Passeata tem até lanche do "ex-vilão" McDonald's

Participantes do fórum trocam críticas por "Carnaval"

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM

As 50 mil pessoas que participaram da passeata que inaugurou ontem a 9ª edição do Fórum Social Mundial, em Belém (PA), trocaram as críticas contundentes de outros anos por uma manifestação com jeito carnavalesco, em que houve até tempo de comer no McDonald's -alvo costumeiro de críticos ao capitalismo.
Em outras edições brasileiras do fórum, em Porto Alegre (RS), lojas da cadeia norte-americana de lanchonetes foram objeto de hostilidades verbais. Dessa vez, a loja se manteve aberta e lucrou com a entrada dos manifestantes.
As principais reivindicações da "marcha", como os organizadores chamaram o evento inaugural, foram puxadas por carros de som ligados a partidos, como o PSOL e o PSTU, e a entidades sindicais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores). Como é comum no encontro, eles entoaram o tema da Internacional Socialista e lembraram o bordão do fórum: "Um outro mundo é possível".
Mas boa parte das pessoas preferiu seguir a passeata em um ritmo mais festivo. Havia desde um grupo fantasiado como palhaços até baterias tocando samba. Mesmo quando uma forte chuva começou a cair e encharcou a multidão, às 16h40 (horário de Brasília), elas continuavam a pular.
Outras, mais prevenidas, já levaram guarda-chuvas -nesta época do ano chove quase todos os dias na capital paraense. Do alto, os moradores dos prédios tiravam fotos com máquinas digitais. A estimativa de 50 mil participantes foi da PM.
Além do McDonald's, as sedes de outras duas empresas normalmente criticadas por movimentos sociais também estavam no trajeto da caminhada: a da mineradora Vale e a da Rede Globo -que em Belém é representada pela TV Liberal, uma de suas afiliadas.
Não houve nenhum tipo de ato na frente do prédio da Globo, mas, no da Vale, um grupo com cerca de dez pessoas ligadas ao movimento estudantil gritou palavras de ordem.
"A Vale é de quem? É do povo", diziam. Eles também lembraram a privatização da mineradora, durante o governo FHC: "Assim não vale, não vale não, esse leilão foi corrupção".

Preparativos
Antes mesmo de a passeata começar, os cerca de 100 mil participantes do fórum, que chegaram em peso durante o final de semana, já podiam ser vistos pela cidade.
No mercado Ver-o-Peso, o mais tradicional da cidade, adolescentes estrangeiras compravam frutas típicas da Amazônia. Segundo um dos vendedores, o preço médio para os "gringos" podia ser até o dobro do valor normal.
Próximo ao mercado, a reportagem da Folha presenciou uma visitante ter sua carteira furtada.


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