São Paulo, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010 |
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PSB resiste à pressão de Lula e quer adiar decisão sobre Ciro
Petistas avaliam que não dá para esperar mais por causa da situação em São Paulo
FERNANDO RODRIGUES MARIA CLARA CABRAL DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou ontem numa delicada negociação: equilibrar os interesses do PSB -um partido que sempre esteve ao seu lado ao longo dos anos- com a pressão do PT pela decisão imediata de Ciro Gomes sobre a disputa pelo governo do Estado de São Paulo. Lula tinha agendado um jantar ontem, em Recife, com o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, que também é governador de Pernambuco. O petista acha que o melhor cenário para a eleição presidencial de outubro é ter todos os partidos governistas unidos em torno da candidatura de Dilma Rousseff. E Lula insiste na eleição plebiscitária entre Dilma e José Serra (PSDB). "O presidente está convicto da sua posição de que a gente tem que ter uma disputa polarizada com uma candidatura única da base. Está entendido que ele [Lula] quer uma eleição "quem sou eu e quem és tu'", declarou ontem o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Nesse caso, o deputado Ciro Gomes (PSB) teria de renunciar à disputa ao Planalto. Ficaria com a opção de disputar a eleição para governador de São Paulo, com o apoio do PT. Ocorre que Ciro não parece interessado nesse projeto. Ao voltar de viagem de férias pela Europa, disse a aliados que voltou mais disposto do que nunca a concorrer ao Planalto, mas que, por outro lado, não tem ânimo de concorrer em São Paulo. Numa reunião ontem com políticos do seu partido, Lula ouviu vários pedidos para que pressione Ciro a se decidir já. O PSB prefere esperar até março. "O PT não vai decidir por nós, vamos esperar. O jantar [com Lula] servirá mais como uma reflexão", disse o senador Renato Casagrande (PSB-ES), secretário-geral da legenda. O PT está aflito porque acredita ser necessário começar o processo de montagem da campanha em São Paulo, pois ali o PSDB é favorito com o ex-governador Geraldo Alckmin liderando todas as pesquisas. O mais provável é que o PSB e Ciro continuem dizendo que não há ainda uma decisão tomada. Na prática, essa atitude tornará quase inviável a candidatura de Ciro ao governo paulista mais adiante. "Se o Ciro não se decidir já a respeito de São Paulo, nosso entendimento será o de que ele não quer. Daí o PT começará um processo interno para escolher o candidato do partido", ponderou ontem o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). O governador Eduardo Campos conversou longamente com Ciro em Recife, anteontem à noite. Os dois chegaram à conclusão de que "não dá para ser candidato a presidente contra a vontade de Lula, sem tempo de TV e sem estrutura". Mas o tempo de decisão do PSB é diferente do PT. Na avaliação dos petistas e de Lula, o ideal é Ciro sair da disputa presidencial já -o que, na avaliação do Planalto, permitiria um deslanche de Dilma nas pesquisas. Já o PSB considera mais prudente aguardar para saber exatamente como será o quadro sucessório -até porque, como menciona Eduardo Campos, a oposição ainda não oficializou quem será o candidato. Pedido delicado Outro problema adicional é como Lula faria o delicado pedido de desistência a Ciro. Esse tipo de demanda teria de ser tratado diretamente com o pré-candidato, sem intermediários. E ontem Lula ficaria sabendo, por meio do governador Eduardo Campos, que a intenção de Ciro e do PSB é esperar até o final de março para decidir. Ciro conversou nos últimos dois dias com dirigentes do PSB. A impressão geral é que ele não deseja mesmo recuar -pelo menos, por enquanto. Em alguns momentos, Ciro dá a entender que estaria disposto a enfrentar a eleição até mesmo sozinho, sem alianças partidárias. Uma coisa parece ser certa para todos os que acompanham esse caso: Ciro Gomes não deseja mais ser candidato a deputado federal. Ele se elegeu em 2006 pelo Ceará e não gostou da experiência. Como ser candidato a governador de São Paulo ele não quer e está difícil viabilizar o projeto presidencial, não está descartada a hipótese de Ciro ficar fora da eleição de outubro. Colaborou SIMONE IGLESIAS, da Sucursal de Brasília
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