São Paulo, quinta, 28 de janeiro de 1999

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Sob pressão, Malan recebe PSDB e PFL

da Sucursal de Brasília

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, receberá hoje duas manifestações públicas de apoio promovidas por tucanos e pefelistas, mas sua permanência à frente da equipe econômica não é consenso entre os aliados do governo no Congresso. Há dúvidas sobre o acerto da atual política econômica. O PFL -maior partido da base governista- condicionou seu apoio à adoção de medidas urgentes contra a especulação (cambial e de preços). "Esperamos que ele (o ministro) possa realmente baixar as taxas de juros e atue com rigor contra os especuladores: o governo tem instrumentos para isso", disse o líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE), que lidera uma caravana de "reconhecimento" à atuação de Malan.
"Ele continua apadrinhado e benzido pelo PFL", atestou. O PFL cobrará do ministro a identificação e a punição dos especuladores.
Malan receberá os pefelistas antes do almoço marcado desde a véspera com representantes do PSDB -partido do presidente Fernando Henrique Cardoso. O encontro foi estimulado por FHC e deveria funcionar como antídoto à "fritura" do ministro.
Embora alguns tucanos considerem o ato de solidariedade inútil, a manifestação é defendida pelo líder do governo, deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP). "O ministro executa a política do presidente Fernando Henrique Cardoso."
O maior banco de investimentos dos Estados Unidos, a Merrill Lynch, divulgou nesta semana a seus clientes uma lista de possíveis substitutos de Pedro Malan.
Cinco nomes aparecem na lista, na seguinte ordem:
1) José Serra - o atual ministro da Saúde tem, segundo a Merrill Lynch, "prestígio local e internacional". Por ser do PSDB, teria dificuldades para manter o equilíbrio político no ministério. Além disso, Serra tem, de acordo com a Merrill Lynch, "uma relação relativamente antagônica com políticos importantes do Nordeste". À rádio CBN, Serra disse ontem no final da tarde que essas especulações não passariam de "tititi, especulação". E completou: "Apóio a posição do presidente de prestigiar e fortalecer o ministro Malan";
2) André Lara Resende - ex-presidente do BNDES, é "extremamente próximo" de FHC.
A Merrill Lynch cita o caso dos grampos telefônicos que causaram a demissão de Lara Resende do BNDES. Conclui que seria necessário mais tempo para que ele reconquistasse prestígio;
3) Luiz Carlos Mendonça de Barros - também é citado como envolvido no caso do grampo;
4) Delfim Netto - para a Merrill Lynch, o deputado do PPB-SP "quer ser considerado para o posto, mas não desfruta de uma boa relação com o presidente".
"Isso é bobagem. Faz tempo que não falo com o presidente", disse o deputado ontem à Folha à tarde;
5) Edmar Bacha - é citado apenas como um dos "arquitetos do Plano Real". (MARTA SALOMON e FERNANDO RODRIGUES)


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