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PRESIDÊNCIA
Maioria das medidas trata de remanejamento orçamentário
FHC edita uma nova MP
a cada 10 dias de governo
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso editou 77 MPs (medidas provisórias) em 785 dias de governo, média de uma nova MP a
cada dez dias. Do total de medidas
editadas, apenas 16 (o equivalente
a 20,8%) viraram lei.
Em um ano e três meses de governo, o antecessor, Itamar Franco, editou 33 medidas provisórias.
Três das MPs de FHC estão entre
as mais polêmicas já editadas, desde que a Constituição de 88 conferiu esse poder ao presidente: a do
Proer, a da desindexação e a das
cotas de carros.
A do Proer criou um programa
de financiamento em condições
favoráveis de juros e prazos de pagamento para salvar bancos ou incentivar fusões de instituições financeiras. A MP da desindexação
proibiu a cláusula do reajuste salarial vinculado a índices de preços.
A da cota de carros, que limitou
em 100 mil o número de veículos
importados, está até hoje em discussão na OMC (Organização
Mundial do Comércio).
Levantamento feito pela Folha
junto à Casa Civil da Presidência
-que controla a área jurídica do
governo- mostra que a maioria
das propostas aprovadas trata de
remanejamentos orçamentários
ou de alterações tributárias, como
isentar o TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) de pagar IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados)
para comprar as urnas eleitorais.
46 reedições
Entre edições e reedições, em
números absolutos, FHC assinou
1.125 medidas provisórias até o dia
25 deste mês. A mais antiga que ele
reedita é a que institui o Programa
Nacional de Desestatização, reeditada 46 vezes, que data de junho de
1993 -ou seja, ainda do governo
Itamar Franco.
Essa não é a única MP de Itamar
que ainda não foi votada. Do governo Itamar (92-94), tramitam no
Congresso 11 medidas que já somam um total de 358 reedições.
Ainda é dessa época a MP que
institui as regras para o cálculo das
mensalidades escolares (julho de
94), a que dispõe sobre a participação de trabalhadores nos lucros e
resultados de empresas, a que estabelece as bases de cálculo do PIS
(Programa de Integração Social)
para pessoas jurídicas, e a que autoriza o uso de notas do Tesouro
Nacional para usar na compra de
estatais, entre outras.
Se forem somadas as MPs editadas por Itamar, e ainda não foram
votadas (11), com as que estão em
tramitação e foram editadas no governo FHC (61), ainda restam 72
leis que têm caráter provisório,
podendo ser modificadas ou até
mesmo rejeitadas pelo Congresso.
Entre as MPs de Fernando Henrique ainda não apreciadas pelo
Legislativo está a que instituiu o
Proer (programa de ajuda ao sistema financeiro), reeditada 16 vezes,
a que extingue vantagens de servidores públicos, outra que estabelece as regras para o Cadastro de
Inadimplentes com o poder público e a que cria a figura da responsabilidade solidária, para o caso de
rombos no sistema financeiro.
Como a prática da reedição de
MPs estava elevando consideravelmente a numeração que é dada
aos textos, há um ano a Casa Civil
decidiu numerá-las mantendo como base o número inicial e criando dois dígitos para indicar o número de reedições.
Assim, a mais antiga MP -a que
trata da desestatização- é a de
número 1.481-46 (indicando 46
reedições). A próxima medida
provisória de FHC será a de número 1.569.
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